O G20 discute o perfunctório e esquece o essencial: o padrão ouro
As discussões dos países integrantes do G20 em Seul em torno da “guerra cambial” — situação em que todos tentam desvalorizar as suas moedas para estimular as vendas internacionais — eram esperadas. A surpresa ficou por conta da utopia de que a tal “guerra” possa ser resolvida diplomaticamente. As soluções apresentadas, uma com acordos de superávits ou déficits comerciais em torno de 4% do PIB, e outra semelhante ao “Acordo Plaza”, estabelecido em 1985 entre os USA e alguns países desenvolvidos, e que agora se quer adaptá-lo à situação do G20, com acordos de desvalorizações coordenadas, são, na essência, soluções perfunctórias.
Ignoram que a dispersividade relativa dos problemas econômicos e políticos de cada país tornam difíceis, senão impossíveis, as sincronizações monetárias e cambiais. Mais importante, não levam em conta, também, que a prevalência do interesse próprio de cada governante, de caráter imediatista, em função do curto período eletivo, praticamente os obriga a agir na defesa da economia interna, mesmo que em detrimento da externa. Esse é o caso da recente decisão do governo americano de injetar mais US$ 600 bilhões para amenizar a sua crise imobiliário-financeira, pouco se importando se isso prejudicará os demais ou não. O fato é que as decisões do G20 seriam mais efetivas caso revelassem os efeitos cosméticos dessas intervenções governamentais, com seus efeitos positivos de curta duração e que logo se revertem em negativos ao próprio País, por estimular o consumo, em detrimento dos investimentos. Aliás, se fossem eficazes, a economia americana já estaria recuperada, diante dos trilhões já emitidos na forma de “ajuda“.
Os equívocos se mantêm devido à inconsistência praxeológica dos sistemas, cuja formatação não só facilita como incita a ingerência estatal. Felizmente, essa verdade vem estimulando a volta do “padrão ouro clássico”, tanto pela experiência bem sucedida com ele ao longo de um século (1815 a 1914), quanto pelas considerações teóricas de — “Preservar o sistema monetário da influência governamental e das incertezas políticas”, como assegura Ludwig Von Mises no seu “The theory of money and credit, referindo ao “padrão ouro austríaco” (advoga um nível de 100% de reservas). Ainda que haja oponentes ao sistema, eles confundem, na sua maioria, o “padrão ouro sujo”, vigente no entreguerras, sem conversibilidade, com o “padrão ouro clássico”, com conversibilidade monetária. Em contraposição, vem aumentando o número dos defensores do regime, inclusive em qualidade, como o Presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, que já admite a possibilidade de retorno desse padrão. Enfim, já aparece uma luz no fim do túnel. Ela nos alegra, pois a adoção do regime eliminará a “guerra cambial” e blindará os países contra a intrusão governamental na moeda, no câmbio e na elaboração de orçamentos fantasiosos, sem consistência no longo prazo. Caso a preferência recaia, então, no “padrão ouro austríaco”, teremos um sistema imune às crises e mais adequado à manutenção da ordem democrática.
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