Metaverso é um conceito que combina o mundo real com o virtual, possibilitando a interação das pessoas por meio de avatares. A ideia é que esse universo seja criado através de diversas inovações tecnológicas que vão dos hologramas até os óculos de realidade aumentada, de modo a promover novos tipos de conexões humanas.
O termo surgiu na década de 90, a partir da obra de ficção científica “Snow Crash”, de Neal Stephenson, onde as pessoas podiam escapar da realidade ao explorar um universo online usando um avatar.
O cientista de dados da Neocortex especializado em políticas públicas, Wagner Vargas, define metaverso como uma possibilidade de fazer um tipo de “teletransporte” para um ambiente virtual, sem importar o espaço físico onde cada pessoa se encontra. “É como se através do holograma eu conseguisse, numa experiência de realidade aumentada ou realidade 3D, ter a sensação de estar presente no mesmo lugar que uma outra pessoa”, explicou. Ouça o podcast!
Mas o assunto vai muito além da ficção científica, dos games ou das suposições. O tema tem ganhado cada vez mais espaço e repercutido de forma a trazer mudanças, inclusive, para o mercado de trabalho. De acordo com especialistas, já é possível dizer que o melhor do trabalho híbrido e as vantagens do home office podem estar no metaverso.
A inovação abre espaço para diferentes perspectivas e novas formas de se trabalhar. Segundo Wagner Vargas, “essa interação faz com que as pessoas tenham uma sensação de proximidade maior do que apenas simplesmente ligar a câmera e conversar, como já é feito hoje no home office comum”.
Além disso, há a possibilidade de criar salas, escritórios e outros ambientes corporativos no meio virtual. “Você acaba conseguindo participar de reuniões em diversos locais do mundo, com a sensação de estar de fato presente nelas, em uma velocidade maior. Você encurta ainda as distâncias e reduz custos em certa medida”, exemplificou.
Em relação aos novos espaços de trabalho, poucos meses antes de anunciar a mudança do nome Facebook para Meta, já pensando nesse novo formato de mercado, a empresa deu um passo rumo ao metaverso ao apresentar o Horizon Workrooms, um aplicativo de realidade virtual para reuniões. A plataforma é inovadora e cumpre bem seu papel, mas ainda precisa evoluir para que a experiência seja mais realista.
Wagner Vargas destaca, por exemplo, que o avatar criado nesse app ainda não consegue reconhecer a expressão facial da pessoa que está participando da reunião, pois a Inteligência Artificial entende as expressões por meio de um jogo de palavras, podendo, muitas vezes, não apresentar a interpretação correta do que foi falado.
A verdade é que, aos poucos, o metaverso está transformando todo mercado e a ideia é que as tecnologias se tornem cada vez mais avançadas. Como exemplo, o cientista de dados cita um estudante de anatomia que poderá “conhecer detalhes do corpo humano, em uma realidade mais aprofundada e até mesmo mais real do que a que temos nos livros”.
Novos mercados
As mudanças podem até parecer inimagináveis para esse momento, mas é importante entender que novos mercados estão sendo criados. “Hoje existem imobiliárias digitais que vendem terrenos que são só digitais. As pessoas pagam por terrenos caríssimos para utilizar apenas ali. Da mesma forma são roupas que a pessoa compra para seu avatar e que não serão usadas na sua forma física, mas em algo que a representa digitalmente”, exemplificou.
Com a chegada da pandemia, e consequentemente das restrições sociais, as pessoas passaram a se relacionar cada vez mais online, por isso, embora essas novidades pareçam distantes, elas têm ganhado cada vez mais espaço para a execução.
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“É uma série de possibilidades, de mercados, tanto para o âmbito físico, na compra via meio digital, quanto agora nessa outra essa outra modalidade de compra via meio online para usufruto exclusivo do próprio meio online de algo”, analisou.
Em linhas gerais, o metaverso vai impactar o mercado tanto na questão dos avanços científicos e nos custos relacionados ao encurtamento das distâncias, quanto nos investimentos de grandes players que estão fazendo suas apostas e comprando outras empresas que lidam com essas tecnologias.
Como podemos nos preparar para essas mudanças?
Quem está mais familiarizado com o mundo dos games, tende a entrar no metaverso com mais facilidade, mas de uma maneira ou de outra, a tecnologia impulsionará todos nós para essa realidade, uma vez que o próprio mercado de trabalho já está seguindo nesse rumo.
Ainda existem muitos desafios, mas assim como já estão sendo desenvolvidas tecnologias que permitem experiências sensoriais para atrair mais usuários, novos modelos de óculos virtuais já estão sendo estudados para que o design seja cada vez mais parecido com os óculos de sol comuns.
Wagner Vargas comenta que a ideia é que os óculos sejam usados também para atender ligações e ainda armazenem informações até sobre as pessoas encontradas pelo caminho, facilitando o acesso à memória. “Esse tipo de informação pode ser positiva, porque nem sempre nos lembramos do nome da pessoa, e ficamos sem graça de perguntar”, destacou.
Por outro lado, há a discussão sobre a questão da privacidade e da liberdade de acesso aos dados. “Acentua-se mais o debate que já existe sobre essa questão ética, de como lidar com informação. Até porque, você acaba ‘substituindo’ muita coisa que faria presencialmente por uma realidade intermediada e tudo que você faz na internet deixa rastro”, analisou.
De acordo com o cientista de dados, se grandes empresas, como o Facebook, já estão apostando pesado nesse mercado, possivelmente a concepção dessa realidade já esteja muito mais presente do que se imagina.
“Sinceramente não sei se vai dar tempo de se preparar. Acho que daqui a pouco vamos estar discutindo sobre quais compras a gente faz online ou não; se dá para comprar via online questões físicas, ter experiências como pilotar um carro no meio virtual e depois conseguir comprar esse carro. Enfim, eu acho que as discussões talvez estejam mais próximas a isso no nos próximos anos”, concluiu.
Foto: Reprodução