O Oriente Médio nunca mais será o mesmo. Nunca mais será médio. Como tudo que Lula toca, daqui para a frente ali será o Oriente Extraordinário. O companheiro Ahmadinejad, com suas centrífugas extraordinárias e sua radioatividade do bem, inaugurou a lavagem de reputação mais barata da história.
A fórmula é simples. Basta um ex-operário mitológico, incensado pela intelectualidade decadente da grande mídia europeia e americana, para legalizar um estadista delinquente. O presidente do Irã não é levado a sério na comunidade internacional – exceto pelos problemas que pode causar. E agora que “o cara” assinou com ele um acordo nuclear, Ahmadinejad está mais à vontade para criar problemas.
Especialistas em diplomacia perdem seu tempo tentando decifrar o Brasil e o ziguezague de sua política externa bêbada. Quebram a cabeça para entender como Lula entrou na boca de fumo atômica e saiu de lá com uma nota fiscal. Estaria se iniciando uma nova era em que bandidos dão promissória?
Para quem acredita em promissória de bandido, o debate ainda vai render. Para quem acha que “A bela e a fera” é só conto de fadas, o jeito será começar a desconfiar da bela. E de seu círculo de assessores aloprados que sonham confrontar o império americano a golpes de fotografia – seja com legenda cubana, chavista, iraniana ou em qualquer idioma com sotaque de esquerda fundamentalista.
A nova ofensiva diplomática brasileira, vocalizada por Lulinha paz e urânio, partiu da seguinte tese: os países que já têm bomba atômica não têm moral para proibir o Irã de fazer a sua. É uma lógica impecável. Chega de privilégios para os ricos. Se tudo der certo, as iniquidades globais finalmente serão combatidas. O passo seguinte poderia ser, por exemplo, a liberação geral da poluição industrial no Terceiro Mundo, pelo menos até os padrões de lambança alcançados pelos Estados Unidos e pela Europa no século XX. Quem terá moral para proibir o sagrado direito dos pobres de emporcalhar o planeta também?
A brincadeira de inflar Lula como símbolo internacional vai começar a perder a graça
A estridente aliança do Brasil com o obscurantismo iraniano não se deu da noite para o dia. Envolveu precedentes cuidadosamente calculados por Marco Aurélio Garcia, Celso Amorim e toda a junta de chanceleres de Lula, com a supervisão do imortal José Dirceu – desencarnado da vida pública, mas onipresente em mensagens espirituais e telefônicas. Antes da bênção nuclear, o Irã recebera do governo brasileiro um selo de qualidade para seu vale-tudo político.
Enquanto cavucava a anistia no Brasil, Lula anistiava a farra eleitoral da ditadura iraniana. Indiferente ao massacre à oposição nas ruas de Teerã, que protestava contra fraudes nas urnas, o presidente brasileiro legitimou à distância a eleição sangrenta. E, quando o mundo assistia ao vivo ao assassinato da jovem Neda numa passeata, Lula declarava que os confrontos eram só “briga de flamenguistas e vascaínos”.
Não se sabe se são os flamenguistas ou os vascaínos que cuidam das centrífugas clandestinas do Irã, nem quanto tempo eles ainda precisam para chegar à bomba atômica. Mas o mundo não tem nada com isso. Mahmoud Ahmadinejad já declarou que o que se passa nos porões radioativos de seu país é problema dele. E Lula, com seu acordo cosmético, assinou embaixo.
Serão necessários infinitos artigos panfletários de Michael Moore para convencer a comunidade internacional de que o presidente brasileiro não deu uma mancada histórica. É bem verdade que, na espuma cheirosa dos circuitos diplomáticos, cada vez mais o que existe de concreto são os banquetes e as fotografias. Se as nações dependessem de discursos como o de Celso Amorim em Teerã para se mover, o mundo seria um eterno feriado. Mas a brincadeira de inflar Lula como símbolo internacional, depois desse mico atômico, vai começar a perder a graça.
Naturalmente, a pantomima brasileira no Oriente Médio não teria – e não terá – a menor importância para o futuro da região. Mas pode deixar lições importantes. A principal delas: a mitificação é, sempre, véspera do autoritarismo. Forjar líderes maiores do que eles mesmos é caminho inexorável para a prepotência.
Lula brincou de fantoche com Manoel Zelaya e saiu ileso da trapalhada. Fez um estágio com Fidel e foi se meter com Ahmadinejad. É hora de voltar para o ABC.
Fonte: Revista “Época” – 20/05/10
Prezado Guilherme Fiuzza
O senhor sabe do que está falando ?
Suas críticas se baseiam na postura do presidente ou na essência do acordo diplomático ?
A crítica do autor se perde ao se deter apenas no lado pessoal e partidário. Coisa comum em todos os seus artigos. Não são críticas construtivas e sim desconstrutivas e apelativas.
não sou partidário do governo e nem de PT, PC do B etc… sou partidário da justiça e da verdade.
O meu comentário de ontem não estava bom?
Vá até o site do Noblat e leia que Leonardo Boff explica as motivações do seu artigo…
Eu imagino é como deve ser difícil para voces (fundamentalistas de direita), conseguirem dormir, por causa da raiva. O Lula ser hoje considerado o mais importante Estadista do Mundo e vossos herois – Serra, FHC, Collor, Bush, etc. – não terem importância nenhuma no contexto nacional, deve ser terrível.
“O mais importante estadista do mundo”?
haha…
hahaha…
hahahahahaha….
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!!
Delirou, hein, meu caro?
O cara está é pagando o maior mico e virando piada em programas de humor pelo mundo.
Seguramente, o maior estadista do mundo atual. Israel faz gracinha com o Lula pq a censura não permite fazer com Bibi.
Lula como o maior estadista do mundo só prova que a crise internacional não é apenas financeira. Também é intelectual, moral e ética.
Lula não é mais só a pior coisa que aconteceu ao Brasil desde a ditadura militar. Está se tornando também a pior coisa que aconteceu ao planeta desde outros tristes tempos.
Espere até ele se transformar na pior coisa que já aconteceu a Galáxia. Miriam, eu sei que não era a intenção mas, seu comentário confirma Lula como o maior estadista do mundo.
Cristiana, seu comentário tem a típica ética e sagacidade petistas. Por isso, aliás, você não sai daqui do site do Millenium, não? É a encarregada oficial da manutenção da “inteligência” lulista nestas plagas.
Meu comentário não passou. Sinto muito, Miriam.
Sobre o vídeo postado no site, eu não sei pq o pessoal daqui acha divertido matar pessoas. Deve ser diversão de rico… Eu hein.