O reajuste do salário mínimo tem impacto direto na inflação, no consumo e nos gastos públicos. No curto prazo, o reflexo relevante é na inflação e no consumo. No longo prazo, é um gasto permanente que aumenta o déficit da Previdência. Assim, certamente a mais prejudicada é a própria população, que vai ter de desviar recursos cada vez maiores para a aposentadoria por uma regra que vincula o mínimo à Previdência Social.
Há muita confiança do governo de que o aumento de receita cobrirá eventuais aumentos do déficit da Previdência. Isso tem ocorrido com o aumento da formalização dos postos de trabalho. Mas esse crescimento da formalização do emprego tem um limite, que talvez já esteja sendo alcançado.
Se o mínimo continuar crescendo nesse ritmo sem o aumento da receita, o déficit da Previdência será intratável, num momento em que a população idosa ainda é pequena. Esse, sem dúvida, será o grande desafio do País no futuro, mas também é completamente negligenciado pelo governo. A discussão do mínimo é menos relevante para as questões de inflação e muito mais perigosa no impacto sobre a Previdência.
Mas tudo isso não tira o foco do problema de curto prazo que diz respeito à inflação. As expectativas já estão incorporando esse aumento do salário mínimo e a volta do crescimento do gasto público em geral. O problema do salário mínimo no final não afeta a inflação apenas no ano que vem, mas durante a vigência dessa regra, considerando que o crescimento da economia não será pequeno no período.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 11/04/2011
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