A tecnologia transforma o mundo e com a medicina não é diferente. Para dar luz aos avanços tecnológicos no setor, São Paulo vai receber um evento internacional inédito no Brasil. Entre os dias 3 e 6 de abril, especialistas de todo o mundo se reúnem no Global Summit Telemedicine & Digital Health para abordar o futuro da telemedicina e a nova era da Saúde Digital.
Em entrevista ao Instituto Millenium, o presidente da comissão organizadora do congresso, Antonio Carlos Endrigo, explica que a telemedicina é um novo recurso disponível que utiliza as tecnologias de informação e comunicação para encurtar a distância entre a população e os serviços de saúde, facilitando o acesso dos pacientes. O impacto da tecnologia no setor, no entanto, vai mais além. O especialista cita algumas novidades que já estão transformando o dia a dia dos profissionais. Ouça a entrevista completa no player abaixo!
“Com a Inteligência Artificial, podemos preparar as máquinas para nos ajudar a ser mais precisos nos diagnósticos. Um exemplo são as mamografias. Como são realizadas para prevenção do câncer de mama, o que se espera é que a grande maioria dos resultados sejam normais e, de fato, mais de 90% o são. Cerca de 10% têm anormalidades. Quando você pega esse conjunto de imagens normais, ele acaba tendo um padrão. Ao alimentar um software, ele entende que aquele modelo é normal. Ao colocar outras imagens, quando tiver algo diferente daquilo, o software dá um alerta. Com isso, os médicos vão se concentrar somente em 10% das imagens, tendo uma qualidade melhor de trabalho e menos possibilidade de erro. Outro tipo de nova tecnologia é a internet das coisas, equipamentos que você pode monitorar o paciente à distância: cardiopatas, pessoas com doenças pulmonares, diabéticos… Os sensores emitem informações, e uma área médica pode controlar um grupo enorme de pacientes em suas residências, também com muita precisão”, explica Endrigo.
As inciativas disruptivas da tecnologia trazem com elas inúmeros desafios. Na opinião do especialista, o cuidado em não desumanizar a medicina está no topo desta lista, que irá demandar transformações na própria formação dos profissionais para que eles se adequem ao novo cenário. “Há um paradoxo. Pode-se entender que, fisicamente, acaba havendo um aumento da distância entre médico e paciente, mas por outro lado, você também aumenta o acesso. Precisamos deixar bem claro que o uso da telemedicina é limitado. Não é para tudo, de fato, mas situações de baixa complexidade, que por sorte são a maioria dos casos”, comenta, ressaltando a importância de estabelecermos limites.
A medicina e o empreendedorismo
Segundo Endrigo, em geral, os médicos possuem perfis de empreendedores. Desta forma, as novas tecnologias ampliam ainda mais as oportunidades nesta área. “O que não podemos esquecer é que a tecnologia não é um fim, mas um meio. Temos que usá-la para o que desejamos, no caso, a cura ou controle de uma doença. Podemos criar aplicativos, empresas e assim por diante… Temos aquele médico que fica dentro do consultório e vai até o final da noite trabalhando focado nos seus pacientes. É preciso sair um pouco dessa caixa e enxergar o que está acontecendo a sua volta, porque ele poderia dividir o trabalho para buscar oportunidades nas transformações deste atual momento”.