A viabilidade econômica da extração de petróleo e gás natural não convencional vem alterando as previsões com relação ao papel dos combustíveis fósseis na matriz energética mundial.
Segundo o relatório World Energy Outlook 2011, da Agência Internacional de Energia (AIE), o petróleo tem uma participação de 33% na matriz energética mundial.
A expectativa de manutenção da hegemonia do petróleo, como principal fonte energética, está diretamente relacionada ao crescimento da extração de petróleo não convencional até 2035, que mais do que compensaria a queda de produção de petróleo convencional, cujo pico deve ser atingido ainda nesta década.
O conceito de petróleo não convencional adotado pela AIE inclui petróleos extrapesados, tight oil, shale oil e petróleos de areias betuminosas (oil sands).
Também são considerados como petróleo não convencional, o petróleo offshore do Oceano Ártico e o petróleo de águas ultra profundas do pré-sal. O gás natural não convencional é o shale gás.
Ainda que nem todas as fontes de petróleo não convencional citadas sejam exploradas e desenvolvidas com sucesso, a AIE projeta um crescimento de 5% ao ano (a.a.) da produção de petróleo não convencional até 2035, aumentando sua participação dos atuais 3% para 10% do total da produção, contribuindo para retardar o pico do petróleo.
O pico mundial da produção de petróleo corresponde ao ponto no tempo quando a taxa de extração do energético alcançará seu máximo, após o qual a produção declinará. Após cinco anos em que permaneceu estável, entre 2005 e 2009, a produção mundial de petróleo passou a crescer a partir de 2010, adiando um possível pico de produção.
Vários fatores influenciam o ritmo de produção de petróleo no mundo, sendo os mais relevantes o volume total de reservas disponíveis, o preço do barril de petróleo no mercado internacional, a descoberta de novas reservas, a produção dos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o aumento da produtividade de poços em produção e a demanda mundial da commodity.
O petróleo não convencional está sendo colocado em questão por críticos, devido aos altos custos e às dificuldades regulatórias e ambientais. Um exemplo são as preocupações expressas, em março, pelo Instituto Americano de Petróleo (IAP) sobre o envolvimento de 10 agências federais independentes estudando uma nova série de leis federais restritivas ao uso das técnicas de exploração não convencional nos EUA, particularmente o fraturamento hidráulico.
No Canadá, a exploração das areias betuminosas, também, pode ser alvo de novos regulamentos restritivos.
Ainda assim, o investimento e a pesquisa no setor crescem a cada ano, principalmente nos Estados Unidos e em outros países que pretendem reduzir sua dependência energética.
Uma consequência importante do sucesso da exploração de petróleo e gás natural não convencional é a redução no investimento em fontes renováveis e o consequente atraso na entrada das mesmas na matriz energética mundial. A conferir.
Fonte: “Brasil Econômico”, 18/10/2012
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