A palavra caridade tem entre seus significados o ato de ajudar aqueles que estão em posição mais vulnerável. Por conta dessa interpretação, muita gente ainda confunde o termo com justiça social. No entanto, é importante ressaltar que justiça social vai muito além de um amparo pontual, tem a ver com a criação de mecanismos de proteção para combater ou, ao menos, amenizar as desigualdades.
Importante destacar que essa é uma responsabilidade do Estado, que por meio do dinheiro arrecadado pelos nossos impostos, deve criar programas e mecanismos que ajudem a corrigir essas disparidades.
A famosa frase “não adianta dar o peixe, é preciso ensinar a pescar”, é um bom exemplo para explicar que caridade não substitui justiça social, porque enquanto a primeira é um paliativo para um problema pontual, a segunda é a solução definitiva.
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“Quando levamos uma sopa ou agasalho para uma pessoa em situação de rua, não estamos fazendo justiça social, estamos dando um alívio para aquele problema. A justiça social se dá por criar marcos institucionais, estruturas sociais, que permitam que essa pessoa adquira, por meios próprios, a comida, o cobertor, a moradia, o trabalho”, esclareceu o economista André Naves. Ouça o podcast!
Recentemente, iniciativas privadas e artistas foram mencionados pela imprensa por fazerem doações de cilindros de oxigênio para Manaus. Para que atitudes como essas não camuflem a responsabilidade governamental, é preciso que a população esteja atenta.
“O caso de Manaus é emblemático. Toda a mobilização foi muito necessária por se tratar de uma emergência, mas isso não tira a responsabilidade do governo, que deveria ter feito um planejamento em relação ao estoque e demanda”, falou.
A falta de informação da população também é um fator que contribui para a não fiscalização dos gastos públicos. André Naves comenta que é preciso estar informado sobre os investimentos que o governo faz para que possa haver cobrança dos resultados. “Se queremos aumentar a eficiência dos gastos públicos, precisamos aprender a analisar as contas públicas”, disse.
O cenário atual é um bom momento para colocar em prática o hábito de fiscalizar. “Muita gente que não é do grupo prioritário está furando fila e tomando a vacina aqui no Brasil. É hora da população se mobilizar para que isso não aconteça. A luta contra a corrupção, pela eficiência e pelas reformas é constante. O preço da democracia é a eterna vigilância”.
Para lutar contra as injustiças e colaborar com o progresso do Brasil é necessário sempre buscar conhecimento sobre tudo que está acontecendo, aprender a analisar e a cobrar resultados. É um trabalho árduo e deve ser feito por todos: setor público, privado e sociedade civil, cada um com as suas responsabilidades.
Aqui no Instituto Millenium temos dois projetos que podem te ajudar na fiscalização do setor público. O Millenium Fiscaliza, que mensalmente traz um conteúdo analisando como o seu dinheiro está sendo gasto. E também a Página Cidadania, que conta com diversos serviços para te auxiliar na fiscalização e acompanhamento de tudo que está sendo feito.