Todo negócio precisa inovar – mesmo aqueles empreendimentos que são considerados mais seguros, como as franquias. O ano passado provou que até elas precisam se adaptar diante da crise econômica e, por isso, modelos mais enxutos devem ganhar destaque.
É o caso das microfranquias, por exemplo: com investimento inicial de até 80 mil reais (em 2017, o valor do teto será atualizado para R$ 90 mil reais), elas costumam ser indicadas para quem quer entrar para o mundo do franchising, mas não tem como investir muito capital (o que não reduz o comprometimento do franqueador e do franqueado, cabe lembrar).
Pensando nessa tendência de negócio, a Associação Brasileira de Franchising (ABF) divulgou este mês um estudo inédito sobre o perfil dessas microfranquias.
A pesquisa concluiu que, em 2016, operavam 557 marcas com unidades no modelo de microfranquia – sendo que quase 80% delas atuam exclusivamente com esse formato. O investimento inicial médio em uma microfranquia varia entre 44 mil e 54 mil reais.
As 557 marcas representam cerca de 18% de todo o franchising, composto por 3039 redes. A expectativa, porém, é que essa porcentagem aumente: entre as redes que não possuem um modelo de microfranquia, 36% declaram pretender desenvolvê-lo nos próximos anos.
Segundo a ABF, o modelo deve bombar em 2017 por atender as necessidades tanto do franqueado quanto da franqueadora. Saiba mais a seguir:
As microfranquias atendem quem quer empreender na crise
1. Investimento inicial menor
Como já foi ressaltado, a microfranquia atende uma fatia de investidores que não pode realizar grandes aportes – o que é comum em um período de crise econômica. Há tanto pessoas desempregadas quanto aquelas que desejam complementar a renda ou profissionalizar um comércio ou uma prestação de serviço já existentes.
O perfil mais comum de microfranqueado, segundo o estudo da ABF, é o jovem de 26 a 35 anos com ensino superior completo. Ou seja: o negócio atende uma faixa que é capacitada e ainda não construiu tanto patrimônio, mas que mesmo assim busca uma fonte de renda que vá além do salário de funcionário.
Além disso, as microfranquias necessitam de menos funcionários em comparação com os formatos tradicionais de franquia – o que gera menos custos de operação. Enquanto o modelo micro pede cerca de 2,8 funcionários por unidade, o padrão costuma empregar 6,1 pessoas.
2. Prazo de retorno menor
Além de um investimento inicial abaixo da média, as microfranquias também possuem um prazo de retorno estatisticamente menor.
Nas redes que só operam com microfranquias, 39% das unidades possuem prazo de retorno entre 12 e 18 meses e 33% devolvem o valor investido após 6 a 12 meses de operação.
Já em franqueadoras que possuem tanto esse modelo quanto outros, 29% das unidades possuem prazo de retorno de 12 a 18 meses. Se considerássemos apenas as microfranquias, o índice subiria para 41% das unidades – o que mostra que o modelo, de fato, apresenta um tempo médio menor de devolução do investimento inicial.
3. “Salário” no fim do mês
Todo empreendedor possui um pró-labore: uma espécie de “salário” do dono da empresa, que nunca deve ser o lucro do negócio (este deve ser reinvestido na operação).
Segundo o estudo da ABF, o pró-labore mensal de um microfranqueado varia entre 3611 reais (para redes com vários formatos, incluindo microfranquia) e 3819 reais (para redes exclusivamente de microfranquia). De 20 a 25% dos franqueados, porém, chegam a ter um pró-labore acima de 5 mil reais.
4. Trabalho de casa
Assim como grandes redes, as microfranquias apostam nas lojas de rua como principal local de atividades. Mas enquanto nas maiores franqueadoras essa porcentagem é de 94%, nas marcas com microfranquias apenas entre 55,8% e 64,2% das unidades operam na rua.
Isso abre margem a outros locais de operação. As unidades de trabalho em casa, por exemplo, representam 17,9% das redes com modelos mistos e 29,7% das redes que operam só com microfranquias.
“O estudo mostra que as microfranquias alavancaram o modelo de ‘home office’ no Brasil, que se mostrou uma alternativa viável para o profissional operar o seu negócio”, pontua o diretor de inteligência de mercado da ABF, Claudio Tieghi, em comunicado.
As microfranquias atendem os interesses da própria franqueadora
Segundo a ABF, na última década os brasileiros conseguiram subir seu padrão de vida e experimentar diversos serviços. Agora, em tempos de crise, as franqueadoras precisam continuar atendendo essa demanda – e, para isso, oferecem formatos mais enxutos aos interessados em serem franqueados.
Por isso, a microfranquia serve a esses interesses, dando a chance de as redes expandirem para cidades menores e conquistarem consumidores, mesmo em tempos de recessão.
Tanto nas redes com modelo misto quanto nas redes apenas microfranqueadoras, a principal concentração de microfranquias está em cidades médias (de 100 mil a 300 mil habitantes).
Nas posições seguintes, porém, as redes adotam estratégias distintas. Nas redes com franquia e microfranquia, a segunda maior concentração do modelo enxuto está em cidades e municípios menores (entre 50 mil e 100 mil habitantes). Já as redes exclusivas de microfranquias se concentram, em segundo lugar, nas grandes regiões (acima de 500 mil habitantes).
“Enquanto para as redes com os dois modelos as microfranquias auxiliam na expansão fora das capitais, para as redes exclusivamente de microfranquias as capitais são prioridade para fortalecer a marca, abrindo caminho para horizontes ainda maiores no futuro”, explicou Tieghi.
Fonte: “Exame”.
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