Na última sexta-feira, 26 de abril, a Petrobras divulgou seu relatório financeiro relativo ao 1º trimestre de 2013, revelando um lucro liquido de R$7,7 bilhões, uma queda de 17% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Ainda assim, os resultados foram um pouco melhores que as expectativas dos analistas do mercado, que começam a pensar se este é o momento de inflexão na performance da empresa, após seguidos trimestres de resultado ruins, culminando no prejuízo de R$ 1,3 bilhão no segundo trimestre de 2012. No entanto, o resultado da produção de petróleo de março ainda é a maior preocupação, com queda de 7% em relação a março do ano passado.
A principal boa notícia para a Petrobras é a queda dos custos operacionais, revelando o sucesso dos planos de contenção de custos. A segunda é o aumento da produção das refinarias, que alcançaram o limite de 98% da capacidade, reduzindo as importações para suprir a oferta. É importante lembrar que a politica de preços de combustíveis, que mantém os preços domésticos defasados em relação ao mercado internacional, afetando o segmento de Abastecimento da empresa, é o principal entrave à geração de caixa da empresa. O endividamento continua preocupante, com a relação dívida líquida/EBITDA e dívida líquida/capital líquida estacionada em níveis altos, de 2,8x e 31%, respectivamente. Isto pode ser um sério empecilho à obrigação da empresa em entrar com 30% de participação em futuros leilões do pré-sal e ao mesmo tempo efetuar em seu plano de investimentos de US$ 237 bilhões.
Não há uma tendência de retomada de crescimento da produção no curto prazo, a expectativa é de que a produção cresça apenas no segundo semestre do ano e significativamente a partir de 2014/2015. Para tanto, a Petrobras está tentando resolver seus problemas com atrasos na entrega de sondas e plataformas transferindo as construções para o exterior, o que leva a conflitos com a rígida política de conteúdo local. Estes desafios estruturais às atividades da Petrobras parecem estar sendo equacionados pela administração da empresa, mas as consequências podem ser graves multas caso o requisito mínimo de conteúdo local não seja verificado.
O resultado melhor no primeiro trimestre pode ser fruto das novas condições de governança da empresa no que se refere à contenção de custos, mas fatores exógenos à gestão, como interferência governamental, podem frustrar a expectativa de retorno ao lucro e ao respeito ao acionista minoritário. A Petrobras vem sendo percebida um agente da política econômica do governo e o mercado tem precificado esta interferência politica, desvalorizando as ações da empresa nos últimos anos. Neste contexto, este resultado sem notícias negativas, além da já esperada queda na produção, surge como um alento para investidores do ponto de vista operacional. No dia seguinte após o anúncio do resultado, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras subiam 7% e 6%, respectivamente.
Fonte: O Globo
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