Repare na próxima vez que sair à rua ou for caminhar na orla ou na Lagoa: as pessoas passam pelas viaturas estacionadas da polícia e não cumprimentam os policiais. Nada. Nenhum “bom dia” ou “como vai”. Por que a gente passa na banca de sempre ou na padaria da esquina e faz questão de cumprimentar quem ali trabalha? O fato é que se criou um hiato enorme no convívio saudável entre a população carioca e a PM.
O atual comandante da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, foi empossado no cargo há alguns meses prometendo uma série de ações que mexem com a segurança na cidade: mais policiais nas ruas, mudança no comando nos batalhões, garantia de segurança na Avenida Brasil e nas linhas Vermelha e Amarela foram algumas delas. No entanto, a mais interessante me parece a decisão de agilizar os julgamentos de policiais militares envolvidos em crimes e desvios de conduta. Com essa iniciativa, o coronel corre o saudável risco de atingir um ponto que, a meu ver, é o fundamental quando o assunto é segurança: a valorização do trabalho dos policiais junto à sociedade.
Há alguns meses, tive a oportunidade de conversar longamente com um policial militar e o quadro que me foi relatado por ele era o seguinte: pela sua própria segurança, ele não pode sair da comunidade em que mora vestindo o uniforme de trabalho e seu filho tinha que mentir a profissão do pai na escola. Como fica a autoestima de um trabalhador que exerce seu ofício nessas condições? Se um professor ou bombeiro não se envergonham das suas profissões diante de suas famílias, por que isso ocorre com um policial?
Precisamos aprender a valorizar o trabalho da nossa polícia. A despeito das notícias diárias de corrupção e maus serviços, é obvio que existem pessoas muito sérias dentro da corporação. Chega de generalizações negativistas. Não se trata de uma ingenuidade tola, mas sim uma revisão de postura diante de nossa polícia. Por que Inglaterra, Estados Unidos e tantas outras nações têm orgulho de suas tropas e guardas oficiais e nós somos indiferentes?
Uma nova turma de PMs entra em atividade em poucas semanas. Deixo uma sugestão: por que a cerimônia de formatura não é feita em praça pública com banda de música, cavalos, apresentação dos cachorros treinados e, principalmente, com os jovens que estudaram e se prepararam para estar ali? Os futuros policiais merecem isso. Eles têm que se orgulhar do momento da formatura assim como nós nos orgulhamos das nossas conquistas profissionais.
Prestigiá-los, diante da sociedade civil, é uma forma eficiente de mostrar que essas pessoas escolheram o caminho do bem, têm família, estudaram, estão prontas para nos servir e merecem todo o nosso respeito. E não se esqueça: na sua próxima caminhada matinal, não deixe de cumprimentar o policial que está nas ruas para nos servir.
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