Tem muita gente zangada com o palhaço Tiririca, dizendo que ele avacalha a eleição. Pode ser. Mas tem palhaçada pior.
Tiririca, que mal sabe lidar com o idioma, estaria debochando da democracia com sua ignorância. Já Plínio de Arruda Sampaio, o presidenciável do PSOL, vem espalhando por aí sua ignorância letrada. É mais nocivo.
Plínio tomou para si o papel de bobo da corte do capitalismo. Às vezes é até engraçado. O problema é que muita gente se confunde, e o leva a sério.
Como se viu no debate da TV Globo, o candidato do PSOL está se movendo numa raia, por assim dizer, sub-brizolista. Leonel Brizola ficou famoso por eleger e martelar bordões sonoros, como as famigeradas “perdas internacionais” – que viravam palavra de ordem sem significar nada.
Plínio repete a tática, propondo por exemplo que o Brasil deixe de pagar a dívida externa para resolver o déficit de saneamento básico. Uma equação economicamente analfabeta, jogada no ar com a leveza de quem não tem chances de ser eleito.
Melhor seria se plataformas malucas viessem só do Tiririca, o palhaço de verdade.
Mas Plínio de Arruda Sampaio disfarça seu embuste com o verniz intelectual que a educação burguesa lhe deu, semeando voluntarismo e ignorância nas mentes jovens que ainda se impressionam com sua retórica.
A dívida externa já foi um problema grave, quando o Brasil tinha o nome sujo na praça e os vencimentos a curto prazo bloqueavam todos os créditos. Foi um drama financeiro, que o país levou muitos anos para superar, com planejamento e responsabilidade.
A bravata irresponsável de Plínio, advogando a volta ao calote, é uma palhaçada que não tem a menor graça.
O discurso de ruptura institucional do candidato do PSOL, com sua rebeldia juvenil (sic) contra o direito de propriedade, contra a imprensa e tudo o mais que siga a “ordem capitalista”, soa pitoresco como folclore.
Para piada política de gosto duvidoso, porém, já temos o Tiririca.
Publicado no blog de Guilherme Fiuza no site da revista “Época”
Dr. Plínio é vítima de uma epidemia nacional, do tempo em que os bacharéis diziam como deveriam ser as coisas no Brasil. Tinham diploma e ditavam as regras, porém, cheios de preconceitos, equívocos e alguns nódulos incuráveis, tais como nacionalismo, aversão aos Estados Unidos e à economia. E também um apego passional à palavra igualdade, da Revolução Francesa. Reduzem a vida a um Código Civil, algo assim. Economia, escambo, dinheiro são coisas feias, coisa com a qual “eles” exploram o povo, o “trabalhador”. Desejam salários iguais para todos, inclusive patrões e empregados. It’s the economy … Dr. Plínio. A vida é muito mais interessante que o seu quadrado. Para o martelo, tudo na vida é prego.