O anuário “Melhores do Brasil”, que será lançado hoje pelo “Brasil Econômico”, é o primeiro levantamento do gênero que chega ao mercado este ano. Elaborado a partir dos dados de desempenho das principais companhias brasileiras em 2011, compilados pela consultoria Austin Ratings, a publicação procura jogar um facho de luz sobre o comportamento empresarial num ano que foi mais decisivo para a economia brasileira do que pode parecer à primeira vista.
Um dos aspectos que talvez reservem para 2011 um lugar na história econômica do país foi o de, ali, terem sido reunidos os argumentos para o choque de realidade que se abateu sobre o mercado a partir daquele momento.
Depois do pessimismo abissal que marcou o final de 2008 e os primeiros meses de 2009, veio a euforia desmedida (e, sob alguns aspectos, até mesmo irresponsável) de 2010. O ano de 2011 serviu para mostrar que a verdade não está de um lado nem do outro – e que o Brasil está, sim, num caminho virtuoso que permite uma visão otimista do futuro.
Mas que nada virá de graça e é preciso trabalhar duro para remover os obstáculos que há anos atravancam o crescimento da economia.
Nas últimas semanas, uma série de providências vem sendo tomada para melhorar o clima econômico e permitir que as empresas trabalhem em ambiente mais favorável.
Entre elas se inclui, naturalmente, o pacote de quase R$ 8,4 bilhões para a compra de ambulâncias, furgões, ônibus, perfuratrizes e mais um monte de equipamentos anunciado ontem em Brasília pela presidente Dilma Rousseff.
A grande questão é que esse tipo de pacote sempre chega como a salvação da lavoura, mas seus efeitos duram apenas o tempo que durar a verba liberada pelo governo.
O que o Brasil e suas empresas necessitam é de um modelo fiscal sólido, que não sufoque as empresas sob as exigências tributárias mais estranhas do mundo (não custa repetir que apenas o IOF que incide sobre os empréstimos bancários supera a taxa de juros básicos na maior parte dos países do mundo).
Isso, além da implantação de uma infraestrutura mais moderna e da eliminação dos puxadinhos legais que transformaram o ambiente regulatório nacional num dos piores do mundo entre as economias que interessam.
O que o levantamento revela é que, mesmo nesse ambiente e mesmo diante do crescimento pífio do PIB no ano passado, de apenas 2,7%, algumas empresas tiveram desempenhos espetaculares.
A receita líquida das 500 empresas analisadas no anuário foi de R$ 1,67 trilhão, com crescimento de quase 28% em relação à base de 2010. O lucro líquido superou R$ 175 bilhões.
Esse dinheiro equivale a mais de 20 vezes o valor do pacote anunciado ontem pela presidente da República – uma comparação que faz sentido na medida em que a maior parte desse dinheiro retornará à economia sob a forma de novos investimentos.
Isso mostra que, se existem problemas sérios a resolver, eles não estão no lado privado da economia – mas naquilo que é de responsabilidade do Estado. E, se os obstáculos forem removidos, o crescimento será bem maior.
Fonte: Brasil Econômico, 28/06/2012
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