A gente sabe que ainda não viu tudo, mas pensa que já não se surpreende com qualquer coisa. Então vem a vida e nos conta umas histórias de outro mundo.
Conto dois contos. Um conto obsceno e outro pornográfico. O obsceno é um conto político, mas conto primeiro o que é pornoecológico.
Estão no Brasil ativistas de uma organização internacional sem fins lucrativos que apóia a preservação ambiental. São bem vindos, precisamos apoio, e eles chegam com a experiência de quem em poucos anos de estrada já tem trabalhos em outros países.
Não se trata de nenhuma big organização, mas já arrecadou cerca de 300 mil Euros. Chama-se Fuck For Forest. Como todo mundo no Brasil sabe o que é fuck, traduzo apenas aquilo que a gente queima tanto que talvez nem mais saiba o que é: forest = floresta.
A ong tem como missão o “ativismo erótico e o pornoidealismo”, para quem quer ter “uma experiência ecológica excitante, viva”.
Ela promete preservar a floresta que tantos querem raspar, se você topar o corpo-a-corpo militante. É isso mesmo: você tem agora uma nova maneira de colaborar para a preservação do Pau Brasil, digamos assim.
É fácil entrar, quer dizer, participar: você pode se tornar, como se diz… um sócio-membro. Para ser um membro ativo basta postar no website www.fuckforforest.com a filmagem de seu, como se diz… momento de intimidade … e autorizar a exibição. O sócio-membro tem direito a tudo!
Mas você pode preferir ser apenas, como se diz… um consumidor consciente: você paga 15 dólares por mês e assiste a produções nem sempre negativamente amadoras, sempre ecologicamente corretas e com transparência absoluta (nada a esconder).
Se em outros canais queima a chama do pecado, da luxúria, em Fuck for Forest o pecado é verde.
Eu achei isso… o que será que eu achei disso???????
Acontece que no meio deste conto fui ao Houaiss para conferir como se define “pornográfico”. Mas dicionário é igual a internet, você logo pega um link e toma outra estrada. Acabei em outro verbete, e aí fui lançado desse conto pornoecológico para o “obsceno” conto político.
O verbete diz: Obsceno = que se compraz em ferir o pudor, que choca pela vulgaridade, aspecto frio ou horroroso, impuro, deplorável.
É conto de dois contos, este obsceno conto político que vou contar.
Era uma vez um fórum, realizado em plena São Paulo, capital do capital da América dos Sul, uma co-autoria entre Instituto Millenium e as maiores empresas de comunicação/jornalismo do país…
Conto obsceno 1: o âncora da televisão equatoriana Carlos Vera (Ecuavisa) “informou” (bom, o cara é jornalista, então o verbo é este mesmo, “informar”) que o presidente de seu país, Rafael Correa, foi eleito “por prostitutas”.
Como a gente não vê a Ecuavisa por aqui (brasileiro prefere a Fox), creio sim que Carlos esteja ancorando por lá alguma boa investigação sobre esta verdade que veio contar aqui, ele não diria isso à toa. Juro que acredito, mas não prometo que seja um tipo de jornalismo explícito na onda Fuck For President. Deve ser algo sem a menor graça.
Conto obsceno 2: outro jornalista, Reinaldo Azevedo (Veja), afirmou com orgulho para a plenária do tal simpósio (que adorou !): “A imprensa tem que acabar com o isentismo e o outroladismo, essa história de dar o mesmo espaço a todos”.
Como se tratou de um chamado “Fórum Democracia e Liberdade de Expressão”, deve ser coisa séria. É ilusão de ótica minha ou começa aí uma espécie de “marcha contra a pluralidade de informação”… quem sabe ?!
Aí está, se você prefere apoiar esta outra selva, que tal ser um membro de Fuck The Journalism?
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