A Confederação Nacional da Indústria (CNI) promoveu, nesta quarta-feira (30/07), uma sabatina com os principais candidatos à Presidência da República para ouvir as propostas de cada um para o setor.
Eduardo Campos
O primeiro a falar foi o candidato do PSB. Ele atacou a condução da política econômica pelo governo da presidente Dilma Rousseff, afirmando que a solução para a estagnação do crescimento é política.. “Estamos vendo indústrias fecharem para vender energia”, disse.
Campos afirmou que, se eleito, colocará o foco da política econômica sobre a produtividade do setor de transformação, como parte de um compromisso de criação de uma agenda de gestão pública. “Essa governança é que vai nos legar a base de sustentação ao lado de um novo sistema político que nos permita avançar no sentido de um foco, em que produtividade é o grande desafio de longo prazo.”
O candidato considerou que falta confiança, especialmente pelo excesso de regulação econômica exercida pelo governo Dilma.
Campos também se comprometeu diante da plateia de empresários a colocar o ensino integral em todo o país, ressaltando que em Pernambuco, durante seu governo, o modelo foi aplicado e hoje o Estado tem mais alunos em tempo integrado do que Rio e São Paulo.
Ele também criticou a dificuldade do governo em executar um projeto de reforma tributária e se comprometeu a enviar uma proposta ao Congresso caso eleito em outubro. “Eu serei o presidente que vai enviar a reforma na primeira semana de governo ao Congresso Nacional”, disse.
Campos afirmou ainda que pretende apresentar uma nova agenda de regulação do trabalho terceirizado caso seja eleito presidente da República. O ex-governador disse que “o Brasil precisa discutir um marco regulatório da terceirização”. “É preciso ter coragem para fazer esse debate”, afirmou.
Ele criticou o excesso de gastos com o seguro desemprego, o que foi apontado por ele como sinal de que existe um desemprego que escapa das estatísticas oficiais do governo da presidente Dilma Rousseff. “O Brasil vive um desemprego formal medido baixo, mas hoje despende R$ 50 bilhões no seguro desemprego. É algo difícil de explicar e de entender”, disse.
O candidato se comprometeu a estimular a negociação tripartite, ente empregados e empresários. Ele também criticou o excesso de processos trabalhistas no Poder Judiciário. “Algo insuportável é ver esse País ser o com maior número de processos trabalhistas”, considerou.
Aécio Neves
O segundo a falar foi o candidato do PSDB, com um discurso focado em críticas à atuação do atual governo na área econômica. Ele afirmou que, se eleito, implantará um “novo ciclo” que passa por questões voltadas para infraestrutura, taxa de câmbio, juros e simplificação do sistema tributário.
Em seguida avaliou, assim como Campos, que uma das consequências das problemas enfrentados hoje na área econômica é a “falta de credibilidade”. “Viemos ao longo dos últimos anos aprendendo a conviver com contabilidade criativa. Isso minou o que é fundamental para crescimento de qualquer país, a credibilidade. Credibilidade é palavra em falta hoje no Brasil”, disse.
Segundo ele, caso seja eleito, a melhoria das condições da competitividade da indústria será “tratada como obsessão absoluta”.
O candidato tucano afirmou que seu compromisso será pelo realinhamento da política externa com a agenda comercial “e não ideológica”. O tucano disse que será ágil caso ganhe as eleições “na busca do tempo perdido” com as negociações comerciais. “O Brasil ainda é uma economia fechada”, comentou Aécio.
De maneira geral, o tucano repetiu as propostas apresentadas por Campos, como a proposta de reforma tributária. Mas, no que se diferenciou do socialista, fez um aceno ao defender um câmbio desvalorizado – mantra que agrada ao setor industrial na disputa por mercados externos. “O Brasil, infelizmente, é refém hoje daquilo que podemos chamar de um populismo cambial. O governo federal (…) busca controlar a inflação com a intervenção permanente no câmbio em desfavor de quem produz no Brasil”, afirmou o candidato do PSDB.
No único momento de descontração da plateia, que riu, ele disse que não precisamos de Santander para afirmar as expectativas para a economia do país. E destilou dados da Fundação Getulio Vargas que apontam dificuldades para o setor.
Dilma Rousseff
A atual presidente fez, uma “prestação de contas” de todas as ações tomadas no seu governo para impulsionar o setor industrial durante a sabatina. Dilma destilou uma série de ações e dados e, em tom levemente provocativo, questionou os presentes como estaria a economia se o governo não tivesse tomado as decisões após a crise econômica mundial de 2008: “Como seria se não tivéssemos adotado as medidas anticíclicas? Em que situação estaria a nossa indústria?”
A presidente disse ainda que houve quem dissesse que o Brasil não precisava de uma política industrial. “Muitos acham que política industrial deve ser deixada ao sabor da flutuação do mercado”. Ela disse que seu governo pretende continuar com o embate “técnico e político” sobre a legitimidade da política industrial.
Ela destacou que seu novo governo dará prioridade à agenda de reforma tributária. “Nós tentaremos sempre uma reforma abrangente, mas iremos perseguir essa reforma mesmo quando a conjuntura não for a mais favorável, com ênfase na simplificação, na desburocratização e na não cumulatividade dos tributos”, afirmou. Dilma disse ter consciência que “urge” a simplificação do PIS/Cofins, por exemplo. A presidente também citou proposta sobre o ICMS, que tramita no Congresso.
Dilma também disse que pode fazer mudanças nas leis trabalhistas. “Queremos construir um marco regulatório do trabalho compatível com a economia do século XXI. Deve estar, sim, estruturado em torno da negociação coletiva”, afirmou. Ela defendeu a terceirização, “de forma correta contemplando a segurança jurídica, sem precarizar o trabalho”.
A presidente fez ainda um apelo para que os empresários não se deixem envolver por “profecias pessimistas”. “Expectativas pessimistas bloqueiam as realizações”, disse a presidente. Dilma disse que foram feitos diversas previsões negativas para o governo, entre elas as de “tempestade perfeita”, os receios quanto à Copa do Mundo e as avaliações de que o Brasil poderia passar por um racionamento de energia. “O último racionamento de energia tirou dois pontos do PIB em 2000-01. Essas profecias não se realizaram nem se realizarão”, comentou.
Fonte: Época Negócios.
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