Eleito presidente neste domingo com mais de 57,7 milhões de voto, Jair Bolsonaro (PSL) agora tem o desafio de traduzir este apoio popular em governabilidade. Impulsionado pela onda bolsonarista, o PSL conseguiu eleger a segunda maior bancada da Câmara dos Deputados, com 52 deputados – atrás apenas do PT, com 56. No Senado, porém, o governo deve ser minoria. Em transmissão ao vivo no Facebook após a vitória, Bolsonaro ressaltou que tem condições de governar e que honrará os compromissos assumidos com parlamentares durante a campanha. O desafio, porém, é formar maioria no Congresso sem recorrer à chamada “velha política” do toma-lá-dá-cá, criticada pelo candidato. O governo deverá superar desconfianças, negociar alianças e solidificá-las a ponto de resistir a eventuais crises políticas e de tornar prioritária na pauta legislativa a agenda econômica prometida.
Formação de maioria
A negociação anunciada por meio de apoios individuais e com bancadas temáticas nunca foi testada e gera dúvidas sobre a viabilidade de construir uma base estável e fiel ao Planalto. O desafio é formar maioria com métodos alternativos aos da política tradicional.
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Superar as desconfianças
Bolsonaro e seus principais escudeiros nutrem ojeriza por caciques partidários e são também desprezados por estes, que julgam ser impossível ao governo obter vitórias sem concessões. A desconfiança é mútua com cúpulas partidárias.
Conquistar o comando da Câmara
O governo precisará conter seus aliados mais fiéis para negociar com o “centrão” uma candidatura para a Presidência da Casa que seja alinhada ao Executivo e implemente uma agenda. O desafio é buscar prioridade na pauta.
Negociar no Senado
Com uma bancada menor e enfrentando maior resistência, o desafio é buscar uma articulação eficiente que evite a chegada de um opositor declarado ao comando da Casa em fevereiro.
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Negociar aprovação de reformas
Para retomar o crescimento da economia, o desafio do governo será convencer a base a votar matérias impopulares, como a reforma da Previdência, e então conseguir fôlego extra para implementar a agenda proposta pelo economista Paulo Guedes.
Obter fidelidade no Congresso
O governo deverá buscar manter um nível de coesão entre os apoiadores capaz de resistir a crises políticas e firmar uma estrutura que permita força política ao governo quando ocorrerem acusações contra seus integrantes ou contrariedade a propostas.
Fonte: “O Globo”