O registro é de Joseph Schumpeter, em “Capitalismo, socialismo e democracia” (1942): “Marx era pessoalmente civilizado o bastante para não fazer como os socialistas vulgares, que não reconheciam um templo quando o viam. Era perfeitamente capaz de compreender os valores e realizações de uma civilização. Não pode haver melhor testemunho de sua abertura intelectual do que sua brilhante descrição dessas realizações do capitalismo no próprio Manifesto Comunista.” As clássicas imagens de Marx a que se refere Schumpeter: “O capitalismo realizou maravilhas muito além das pirâmides do Egito, dos aquedutos romanos e das catedrais góticas… Atraindo todas as nações para a civilização… Criando cidades enormes, resgatando partes consideráveis de suas populações da idiotice da vida rural… Durante seu domínio de escassos 100 anos, criou forças produtivas mais maciças e mais colossais do que todas as gerações precedentes juntas haviam criado.”
O liberal austríaco Ludwig von Mises já alertava antecipando aos choques da Internacional Socialista com o Nacional- Socialismo: “A ideia de socialismo é a um só tempo grandiosa e simples… É uma das mais ambiciosas criações do espírito humano… Tão magnífica e tão ousada que despertou merecidamente a maior admiração. Mas se quisermos salvar o mundo da barbárie teremos de refutar o socialismo.”
Adverte-nos Friedrich von Hayek, em “A presunção fatal: os erros do socialismo” (1988): “Nossa civilização depende
de uma extensa ordem de cooperação humana, equivocadamente conhecida como capitalismo. Essa rede de cooperação não foi arquitetada intencionalmente. Surgiu espontaneamente, em conformidade com certas práticas morais, que desagradam aos homens, e cujo significado eles não compreendem, mas que apesar disso espalharam-se rapidamente por mecanismos evolucionários. A adoção involuntária, relutante e mesmo dolorosa dessas práticas não só manteve esses grupos humanos como fez crescer rapidamente suas riquezas e suas populações.” A pretensão fatal do socialismo foi criar uma cultura e uma civilização alternativas a partir de um ambicioso racionalismo construtivista. Um perambular experimental muito além de nossos limites cognitivos. Pois, se a curto prazo os grupos humanos escolhem suas práticas de coordenação econômica, a longo prazo as práticas mais eficazes é que selecionam as populações bem-sucedidas.
Fonte: O Globo, 11/07/2011
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