Na perspectiva de responder se os jovens estavam realmente preparados para o mundo do trabalho, Barrington e colaboradores* realizaram, em 2006, um estudo para entender que habilidades seriam majoritariamente esperadas pelos empregadores para um acesso maior aos postos de trabalho do futuro. A resposta pode ser visualizada no gráfico abaixo.
Notadamente se verifica que nas posições superiores, que correspondem ao maior percentual de respondentes, estão as habilidades aplicadas, tais como pensamento crítico, resolução de problemas, trabalho em equipe, entre outras. Na parte inferior estão os conhecimentos básicos, como os aprendizados em língua estrangeira, matemática e ciências. Não que dominar tais conhecimentos não seja importante; a questão é que agora isso representa, para o acesso ao mundo do trabalho atual e futuro, apenas um ponto de partida, e não mais de chegada. Ou seja, o domínio pleno de tais conhecimentos básicos não é mais um diferencial, e sim uma exigência de partida. O diferencial no processo seletivo está em como tais habilidades aplicadas foram desenvolvidas ao longo da vida pessoal, social e escolar do candidato ao posto de trabalho.
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Isso, de fato, está em consonância com um estudo recente realizado pela consultoria global McKinsey & Company sobre o futuro do trabalho. Nele é possível verificar, entre outras coisas, que seis em cada dez trabalhos podem ter mais de 30% de suas atividades automatizadas. No cenário mais modesto, isso poderá impactar até 2030 a atividade laboral de 400 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, a estimativa é que o efeito da automação atinja cerca de 16 milhões de brasileiros!
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Esse novo cenário vai exigir um aumento de qualidades humanas, como a criatividade, o trabalho em equipe, a persistência, a abertura ao novo, a comunicação e o pensamento crítico, entre outras. Por isso, a oferta de uma educação com significado, que seja capaz de desenvolver o potencial pleno das pessoas, torna-se condição imperativa para o acesso aos postos de trabalho atuais e futuros.
Consequentemente, espera-se que as escolas atuais preparem as nossas crianças e os nossos jovens para uma educação que seja capaz de desenvolver tais habilidades no ambiente escolar; que não seja mais uma disciplina, mas uma nova forma de ensinar e de aprender – o que significa, por outro lado, a necessidade de dar um novo significado à formação do professor. Infelizmente, não creio que as nossas instituições formadoras estejam preparadas para isso.
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*Barrington, L., Wright, M. & Casner-Lotto, J. Are They Really Ready to Work? Employers’ perspectives on the basic knowledge and applied skills of the new entrants to the 21st century U.S. workforce (Washington, D. C.: The Conference Board, 2006).
Fonte: “IstoÉ!”, 04/07/2018