A Petrobras divulgou segunda-feira os resultados consolidados do segundo trimestre. No período, o lucro líquido foi de R$ 10,94 bilhões, 0,5% inferior ao lucro líquido do 1º trimestre, de R$ 10,99 bilhões, e a geração de caixa foi de R$ 12,05 bilhões no 2º trimestre, 4% inferior aos 12,54 bilhões do 1º trimestre.
O resultado foi avaliado como fraco pelo mercado, pois mesmo com preços de petróleo 12% mais altos e receita 12% superior no 2º trimestre em relação ao 1º, a Petrobras obteve praticamente o mesmo lucro líquido nos dois trimestres.
O principal ponto negativo foi o aumento de custos: custos de extração 15% mais altos (US$ 13,12 por barril) e custos de refino 21% mais altos (US$ 5,48 por barril), além do aumento das importações de gasolina e diesel e a manutenção do congelamento dos seus preços, o que representa uma perda de oportunidade para a empresa de aproveitar o período de altas nos preços do petróleo.
O custo de extração mais elevado foi causado pelo aumento nos gastos em manutenção nos campos de Marlim, Albacora e Espadarte, levando a um aumento de 15% nessas despesas no trimestre em relação ao 1º. Os custos de refino refletem uma manutenção mais cara e custos maiores com serviços e materiais, apesar da utilização da capacidade estável em relação ao trimestre anterior.
O resultado operacional decepcionante foi compensado por um resultado financeiro favorável, de R$ 2,9 bilhões no período, 43% superior aos R$ 2,02 bilhões no 1º trimestre. O resultado financeiro líquido positivo deveu-se ao efeito da alta taxa de juros básica (Selic) na posição de caixa, de R$ 59,5 bilhões, e a depreciação do dólar que causou impacto positivo de R$ 1,3 bilhão sobre o endividamento em dólar da empresa.
No período, a redução no caixa da Petrobras se deveu ao pagamento de R$ 4,03 bilhões em dividendos e outros R$ 1,07 bilhões executados.
O segmento de exploração e produção (E&P) foi o principal responsável pelo lucro da Petrobras no trimestre, apresentando um resultado líquido de R$ 18,4 bilhões, 13,6% maior do que os R$ 16,26 bilhões no 1º trimestre.
A alta reflete os maiores preços de venda/transferência do petróleo nacional (16%).
Enquanto isso, por conta do aumento dos custos com aquisição/transferência de petróleo e com a importação de derivados, o segmento de Abastecimento apresentou prejuízo de quase R$ 3 bilhões no 2º trimestre, ante um lucro de R$ 4 milhões no 1º.
O segmento de Gás e Energia da empresa apurou elevação 114% em seu resultado líquido, de R$ 1,06 bilhão no 1º trimestre para R$ 1,52 bilhão no 2º.
Esse lucro foi atingido devido à geração termelétrica para exportação, com remuneração superior à média do mercado interno, o que não ocorreu no 1º trimestre.
O segmento de biocombustível reportou prejuízo líquido de R$ 62 milhões no 2º trimestre, comparados aos R$ 51 milhões no 1º. O resultado do segmento internacional, que havia sido positivo em R$ 1,30 bilhão, passou para R$ 1,04 bilhão no 2º trimestre.
A Petrobras investiu R$ 16,13 bilhões no período, dos quais 46% foram em Exploração e Produção (E&P) e 39% em refino, uma redução de 16% em investimentos em relação ao mesmo período em 2010, um melhor mix de E&P e refino.
A Petrobras diz estar confiante na capacidade de captação de recursos, a despeito da recente turbulência internacional. Não estão descartadas novas captações junto ao mercado financeiro até o final de 2011. A Petrobras captou ao longo do 1º semestre R$ 22,1 bilhões.
Deste total, US$ 6 bilhões foram em operações no mercado norte-americano e o restante em operações financeiras bilaterais.
A Petrobras pode não passar imune, dependendo da profundidade da crise, terá alguma dificuldade na captação de recursos no exterior em torno de US$ 67 bilhões e US$ 91 bilhões. Isso poderá levar a estatal a voltar a recorrer a empréstimos nos bancos estatais.
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Fonte: Brasil Econômico, 18/08/2011
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