A Petrobras anunciou na última sexta-feira, dia 25, seu resultado do 3º trimestre de 2012, que foi positivo em R$ 5,6 bilhões, abaixo das expectativas dos analistas, que esperavam lucro em torno de R$ 7,7 bilhões.
Este resultado se segue ao prejuízo de R$1,3 bilhão do 2T12, que gerou forte desconfiança para os investidores e levou a empresa a anunciar alguns programas com o objetivo de cortar custos e recuperar a eficiência perdida (Procop e Proef).
Alguns fatores explicam a melhora no resultado. O primeiro deles é a ausência do impacto negativo da desvalorização do câmbio na dívida, que foi de R$ 7,1 bilhões no 2T12 e reduziu-se para R$ 455 milhões no 3T12. O segundo foi a redução do montante levado a prejuízo por conta da baixa de poços secos do ativo da empresa.
Este montante foi de R$ 1,9 bilhão no 3T12, contra R$ 2,2 bilhões no trimestre passado, porém ainda bastante acima dos cerca de R$ 500 milhões observados historicamente.
Além desses fatores não recorrentes, o prejuízo da área de abastecimento reduziu-se para R$ 5,6 bilhões, contra R$ 7 bilhões do 2T12 por conta do reajuste concedido aos combustíveis permitido pela zeragem da Cide. A empresa também se empenhou em aumentar o nível de utilização de suas refinarias, compensando o aumento das importações de derivados.
Apesar da melhora do resultado em relação ao trimestre anterior, alguns dados revelados no balanço da empresa causam preocupação. O primeiro deles é a queda de 3% na produção de petróleo devido à realização de paradas para manutenção em plataformas e, principalmente devido ao declínio natural da produção.
Além da queda da produção, o lifiting cost elevou-se em 17% no trimestre, devido ao maior numero de manutenções e intervenções em poços dos campos Marlim e Albacora e ao aumento nos gastos com pessoal.
A decisão da empresa de aumentar o nível de utilização de suas refinarias, por um lado, contribui positivamente para o resultado da empresa, na medida em que diminui a necessidade de importações de gasolina e diesel para suprir o mercado doméstico.
Por outro lado, o custo do refino subiu 21%, principalmente em função dos maiores gastos com pessoal, devido ao reajuste salarial decorrente do ACT 2012, e maiores gastos com paradas programadas. Mesmo descontando-se o efeito dos maiores gastos com pessoal, o custo do refino elevou-se em 14%.
Mesmo com o lucro registrado no 3T12, os índices que medem a alavancagem da empresa permanecem em níveis preocupantes. A relação divida/Ebtda, permanece em 2,42x perigosamente próximo ao nível teto de 2,5x.
Apesar da melhora no resultado em relação ao primeiro trimestre, cabe ressaltar que o lucro poderia ser maior, caso a empresa seguisse o preço internacional dos derivados e não tivesse perdido eficiência na produção, principalmente na Bacia de Campos. A perda com a defasagem dos combustíveis foi de cerca de R$ 5 bilhões.
Em relação à perda de eficiência na produção, se a empresa tivesse mantido seu nível de produção observado em janeiro de 2012, a receita adicional da produção de petróleo seria de cerca de R$ 4 bilhões. Estamos comemorando um lucro de R$ 5,5 bilhões, que poderia ser de quase R$ 15 bilhões.
Fonte: Brasil Econômico, 01/11/2012
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