Pagar metade do valor do ingresso para eventos culturais é só um dos sintomas da “síndrome da meia-entrada”. Segundo Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, a expressão significa a distribuição de benefícios sociais, subsídios e renúncias fiscais entre setores da economia e da sociedade, uma prática disseminada na economia brasileira. Todo país promove políticas públicas direcionadas, o problema é que o Brasil exagerou na dose e deixou de avaliar, controlar os resultados e as consequências das medidas, explica Zeina: “Tivemos um aumento muito forte de intervenção na economia, com distribuição de benefícios, sem esse cuidado. Ao final, gerou distorções que reduzem o potencial de crescimento do país e afetam a distribuição de renda. Isso porque não necessariamente o grupo protegido era o que mais precisava. E também não necessariamente o setor econômico contemplado estava trazendo o ganho esperado para a economia e para a sociedade”.
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Outra distorção causada pela “síndrome da meia-entrada” diz respeito à relação da sociedade com o Estado. “Se os indivíduos tivessem noção do custo de cada medida, será que o apoio seria o mesmo? A sociedade concorda com determinadas políticas sem saber as consequências”, diz a economista. Além disso, segundo Zeina, uma vez que as políticas públicas não surtem o efeito esperado criam desconfiança em relação à capacidade do governo de melhorar a vida das pessoas. Quer entender mais a “síndrome da meia-entrada” e suas consequências sobre a vida dos brasileiros? Ouça o podcast!
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