Cansado de receber pedidos de propina, o engenheiro e proprietário da Stanley Engenharia, empresa especializada na restauração de fachadas no Rio de Janeiro, que funciona há 34 anos, adotou o lema: “A Stanley não dá propina; se quiser, por favor, não ligue”. Em um país que convive com inúmeras práticas corruptas, a filosofia do empresário chamou a atenção do colunista do jornal “O Globo”, Ancelmo Gois, e repercutiu nos principais jornais do país, como a “Folha de S. Paulo”. Stanley Barbosa conta que a frase foi criada após um síndico perguntar quanto seria a “gordura” que ele levaria do orçamento de um projeto.
O empresário perde vários projetos, por não dar propina. “Pago um preço muito alto por não dar propina. Em termos de valores, as empresas que aceitam pagar conseguem obras muito melhores do que a minha. Outro dia, perdi um serviço de um milhão”. Stanley conta que também enfrenta problemas para conseguir autorização para executar os seus projetos. “Uma licença para prédio tombado, que é retirada na esfera federal, normalmente, sai em até 90 dias, mas para mim vai levar oito, nove meses. A dificuldade é total. Já em prédios não tombados, a retirada de licença é na esfera municipal e não encontro imbróglios, sai em um mês”, desabafa.
Apesar dos obstáculos, Stanley não se arrepende da sua decisão. “A pessoa honesta tem orgulho de divulgar o seu trabalho, enquanto o desonesto tem medo de que as pessoas saibam que ele levou grana”.
O empresário diz que atrai seus clientes pela qualidade do serviço prestado. “Se você trabalha direito as pessoas divulgam o seu trabalho. Não me falta serviço. A gente tem cerca de 25 obras por mês. Meus clientes são os meus maiores divulgadores.”
O engenheiro, contudo, não acredita que a fiscalização seja a solução para a corrupção. “Os que fiscalizam são os primeiros corruptos”, critica.
Stanley aposta na educação para acabar com a cultura da corrupção no país. “Quando existe uma conscientização, as pessoas mudam a sua maneira de agir”. Ele também acha que os mecanismos de punição precisam ser aprimorados para combater os desvios. “Existe uma impunidade muito forte”, conclui.
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