SÃO PAULO – Um dos coordenadores da campanha presidencial da petista Dilma Rousseff, o ex-ministro e deputado federal Antonio Palocci (PT-SP) disse nesta segunda-feira, no Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, que discorda do Plano Nacional de Direitos Humanos 3 no tema comunicação. Para ele, não há necessidade de um órgão para fazer com que a mídia cumpra a Constituição.
– Vez ou outra aparece no governo e em outros setores a ideia de interferência estatal na qualidade da comunicação, como aconteceu no Plano Nacional de Direitos Humanos. Não quero condenar o PNDH, mas não concordo com a forma como foi colocada a questão da mídia – disse Palocci, antes de frisar que o Estado não pode dizer a maneira adequada de os jornais funcionarem.
Palocci lembrou que os veículos de comunicação têm seus próprios leitores para fazer esse controle.
– Tenho uma visão diferente da que foi colocado no PNDH3. A questão colocada ali sobre a comunicação sempre foi polêmica no meu partido e no governo também. Agora, apesar das polêmicas, que são sempre saudáveis, não vejo riscos ou ameaças, como vem sendo dito neste seminário. No entanto, esse debate é saudável e deve ser feito – afirmou o ex-ministro, completando:
– A nossa Constituição já fala do respeito aos direitos humanos. Então, não é preciso um órgão para ver se a imprensa está cumprindo as regras. Um jornal ou um jornalista estão (subordinados) às normas, à lei.
Para Palocci, governos precisam de uma imprensa crítica:
– Os governos precisam de uma atuação forte e democrática da imprensa. Os governos autoritários tendem a desabar por não permitirem o equilíbrio proveniente da crítica. Não digo que a crítica é agradável, mas ela é necessária. Agora, se houver calúnia, a Justiça está aí.
Perguntado se concorda que tem ocorrido uma “demonização” da imprensa por parte do governo e do presidente Lula, Palocci disse:
– Às vezes, ele (Lula) faz comentários fortes, como “Não leio os jornais”, mas é porque é autêntico no que diz. Mas nunca tomou uma medida contra um jornal.
Perguntado por Otavio Frias Filho, diretor editorial da “Folha de S.Paulo”, se o episódio da ameaça de expulsão do jornalista americano Larry Rohter, que escrevera sobre suposto hábito do presidente Lula de beber, não configuraria uma prova de ação presidencial contra a imprensa, Palocci respondeu:
– Ele se corrigiu. Acho que o problema é quando uma autoridade comete um erro e não admite que errou.
O deputado também discordou das críticas de colegas de partido de que há concentração e monopólios no mercado de comunicação brasileiro:
– Há concentração na comunicação, mas há em várias atividades econômicas no Brasil. Considero normal e uma característica do amadurecimento das economias a concentração e também a formalização das atividades econômicas. Acho que são duas características que têm marcado a economia e não acho nenhuma delas negativa.
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