Os brasileiros querem mais investimentos na área da Saúde com os recursos arrecadados em impostos. Pesquisa promovida pelo Instituto Atlântico e pelo Datafolha para identificar a opinião da população sobre o uso de impostos e a qualidade da infraestrutura dos municípios mostra que 58% dos entrevistados defendem a prioridade para a Saúde. A segunda área mais citada foi a Educação, com 22%, seguida pela Segurança Pública (6%), combate à fome e à miséria (5%), redução do desemprego (3%) e habitação (2%). O levantamento também mediu a avaliação do trabalho de políticos com mandatos. A maioria recebeu notas abaixo de cinco, em uma escala de zero a dez.
A pesquisa foi feita entre os dias 19 e 21 de fevereiro e ouviu 2.091 pessoas, com 16 anos ou mais, em 120 municípios. Ao apontar a Saúde como área prioritária, o levantamento identificou que quanto maior a idade e menores a escolaridade e a renda familiar, maior a preocupação com o atendimento na rede pública. Entre os mais velhos, o percentual dos que defendem o uso de impostos na Saúde chega a 66%. Entre os entrevistados com baixa escolaridade o percentual é de 63%, e os com renda menor, 62%.
De acordo com o presidente do Instituto Atlântico, Paulo Rabello Castro, a pesquisa mostra que a população, mesmo que não faça uso da rede do Sistema Único de Saúde (SUS), tem uma preocupação constante com o atendimento oferecido, superando até as com problemas como a violência:
– Até quem não utiliza o SUS tem essa preocupação. Há sempre um caso de alguém que leu notícias sobre a falta de médicos, ou que conhece pessoas que não foram bem atendidas. Ficam a dúvida e o receio de um dia precisar e não conseguir o atendimento. Há uma sensibilidade muito grande para essa área, inclusive nas regiões metropolitanas, onde são altos os índices de pessoas que querem investimentos em Segurança Pública. Mas, mesmo assim, os percentuais não superam os da Saúde.
Castro chama a atenção para o combate à miséria e à fome, que aparece na pesquisa com 5% das opiniões. Segundo ele, a população concorda com as ações do governo e com os gastos na área. No entanto, foi identificado que a maior parte considera as verbas aplicadas atualmente como suficientes, não havendo necessidade de aumentá-las, desfalcando outras áreas. Foi observado que, conforme aumenta a renda e a escolaridade, diminui o apoio ao uso de recursos dos impostos em programas sociais. No total, 77% dos entrevistados são favoráveis à proposta de que o governo aplique os impostos em infraestrutura, como equipamentos para hospitais e escolas, do que em programas sociais, como o Bolsa Família.
Os impostos, segundo a pesquisa, estão pesando mais no bolso dos brasileiros. Para 74% dos entrevistados, os valores pagos consomem mais o orçamento familiar do que há três anos. A avaliação do uso dos recursos pelos governos federal, estadual e municipal é negativa. De zero a dez, a nota média ficou em 4,4 para o governo federal; 4,6, para o governo estadual; e 4,2 para o governo municipal.
Políticos têm desempenho fraco – Além de avaliar a aplicação dos recursos arrecadados com os impostos, a pesquisa do Instituto Atlântico/Datafolha mostrou que a maioria dos entrevistados não está contente com o desempenho de políticos com mandatos. Para Castro, os números são um alerta em anos eleitoral.
– Os números demonstraram a baixa representatividade daqueles que foram eleitos, principalmente para o Legislativo, que apresenta o pior desempenho. O resultado da pesquisa apresenta médias ruins – afirma.
De acordo com a pesquisa, governadores tiveram a nota (em uma escala de zero a dez) 4,7; seguidos por lideranças de bairros, 4; deputados estaduais, 3,8; deputados federais, 3,6; vereadores, 3,6%; e senadores, com a pior média, 3,4. Alcançaram média superior a 5 a blogueiros e jornalistas, 6; e presidente da República, 5,1.
Desempenho ruim também obteve a infraestrutura oferecida pelos municípios. Foram avaliados 16 itens e as médias mais altas foram para: energia elétrica, 7,1; coleta de lixo domiciliar, 6,9; abastecimento de água, 6,4; iluminação pública, 6,2; limpeza de ruas e avenidas, 5,8; condições de habitações e moradias, 5,6; limpeza de muros e fachadas, 5,2 e ausência de trânsito, 5,1. Segundo o levantamento. As piores avaliações foram para: áreas de práticas de esportes, 4,9; segurança e policiamento, 4,9; opções de transportes coletivos, 4,9; rede de esgoto, 4,8; conservação de ruas e calçadas, 4,7; opções de lazer, 4,7; prevenção de enchentes, 4,6; e segurança de pedestres e ciclistas, 4,4.
– Em meio a esse manicômio tributário brasileiro, a percepção dos brasileiros é de que o orçamento apenas sustenta a máquina pública, que problemas aparentemente simples, como a construção de calçadas, a iluminação pública e a coleta de lixo precárias, e a falta de saneamento não serão resolvidos – avalia Castro.
Os moradores de cidades do interior e dos estados da Região Sul são os mais satisfeitos com a infraestrutura local. Já os mais insatisfeitos estão em municípios das regiões metropolitanas, de capitais e dos estados das regiões Norte e Centro-Oeste.
Fonte: O Globo
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