Escrevo do Rio de Janeiro, onde se reuniram, nesta quarta (4/9), dirigentes municipais de educação do estado com a Secretaria estadual e o Conselho de Educação para fazer avançar o currículo fluminense, uma tradução da Base Nacional Comum Curricular, num esforço já feito por outros 24 estados e pelo Distrito Federal.
De fato, faltam só o Rio de Janeiro e o Amazonas para termos todas as unidades federativas com os objetivos de aprendizagem de suas crianças e adolescentes mais claros e traduzidos para a realidade local. Não é uma iniciativa menor, afinal, em dezembro de 2017, depois de muitas rodadas de discussão, foi aprovado o que podemos chamar de nosso pré-currículo nacional para a educação infantil e o ensino fundamental. Faltava porém transformá-lo em documento curricular para que cada estado, município e escola pudesse usá-lo em sala de aula, no processo de ensino.
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Isso é suficiente para melhorar a qualidade da educação no Brasil? Com certeza não. Com os currículos aprovados, como o fizeram há bastante tempo os melhores sistemas educacionais do mundo, precisamos ainda alinhar três outros elementos para que a crise de aprendizagem que vivemos seja enfrentada.
O primeiro é a formação do professor. Não há nenhum elemento mais importante no processo de ensino que a qualidade dos docentes. Para resolver isso, precisamos investir na atratividade da carreira e melhorar a formação que eles recebem no ensino superior, conectando-a mais com a prática. Precisamos também usar melhor o tempo de atividade extraclasse previsto em lei, para uma aprendizagem e um planejamento mais colaborativos entre mestres. E esta formação em serviço deve se dar a partir dos currículos e de pesquisa efetiva sobre como está o aprendizado dos alunos.
Outro elemento são as avaliações, que permitirão saber o quanto crianças e adolescentes dominam as competências previstas no currículo e onde exatamente permanecem dificuldades. Estas avaliações deveriam ser analisadas por gestores educacionais e equipes escolares, para traçar estratégias de recuperação de aprendizagem.
Por último, definidos os currículos, materiais de apoio aos professores precisam ser preparados ou adquiridos. Para fazer um bom trabalho é importante sequenciar o processo de ensino, aprender com os colegas, conhecer as dificuldades, mas, sem materiais compatíveis com o século 21 para ensinar com altas expectativas para todos, não se consegue avançar. Daí a urgência de dotar cada docente com livros e objetos digitais que lhe permitam oferecer um ensino de qualidade.
Há ainda um longo caminho a percorrer.
Fonte: “Folha de São Paulo”, 6/9/2019