As últimas eleições decretaram a falência dos partidos políticos no Brasil. No Brasil, quase sempre, não representam idéias ou ideologias. Na faixa dita democrática, eles se misturam, cada um defendendo seus interesses particulares.
O mal não é novo. Os partidos, desde a independência, criaram-se em torno de pessoas, de chefes, não raro os interesses regionais predominando sobre os interesses nacionais. Dir-se-á que, no Brasil, política é sinônimo de mexerico de aldeia, questiúncula de dize tu direi eu, de conluios, cuja importante solução não tem outro critério senão proveito do chefe tal, ou de ser contrário, ou a benefício de parentes e aderentes.
Um pouco de história. No Império tivemos dois partidos: Conservadores e Liberais, que se alternavam no poder de acordo com a vontade do Imperador. Não havendo sistema eleitoral, não se pode dizer que houve representação correta. O senador baiano Nabuco de Araújo, em seu famoso discurso do sorites, demonstrou que, no Império, a representação partidária era uma farsa. Com o advento da República, até 1945 – com o interregno do Estado Novo getulista – os partidos perderam suas características nacionais para serem meramente grupelhos regionais. Já com a Constituição de 1946, criaram-se partidos nacionais. Não houve, entretanto, cuidado quanto aos requisitos para formação dos partidos. Daí sua proliferação, apenas para barganhas pessoais. Deixando de lado o período dos governos militares, em que representação correta não havia, a situação hoje, no Brasil continua a mesma: dezenas de partidos sem a menor representatividade, meros agrupamentos para atender ambições políticas de chefetes regionais
Verdade é que nossos políticos, com as exceções de praxe, procuram os partidos de acordo com suas conveniências e quais a possibilidade de se elegerem por esta ou aquela legenda. O troca-troca de partidos é uma constante na vida pública brasileira, embora a Justiça Eleitoral tenha posto um cobro a esta desfaçatez, dos que se elegeram por determinado partido e, depois de eleitos, sem cerimônia, mudavam de partido.
Na verdade, isto não incomoda a maioria do eleitor brasileiro que, em geral, vota na pessoa e não no partido. O brasileiro, com honrosas exceções, sabe em quem votou para Presidente, Governador ou Prefeito mas, se perguntado em que deputado votou, não se lembra, tudo na tradição de quem olha e procura sempre o “chefe”, o “soberano”, esquecendo que quem faz as leis que lhes vão afetar a vida, diuturnamente, são os legisladores, seus representantes. Mas, como no Brasil votar é obrigatório e não facultativo, como deveria ser, o brasileiro vota porque necessita do documento comprobatório. Pretender que esses fantasmas de partidos, tristes e desanimados, abandonem a demagogia, é o mesmo que pedir a um saco vazio que se ponha de pé. Assim, os brasileiros acabam tendo razão em desprezarem os partidos.
O panorama desalentador do nosso atual parlamento é resultado da falta de consistência de nossos partidos políticos e do defeituoso sistema eleitoral brasileiro.
Vendo os atuais partidos brasileiros, não posso deixar de lembrar do Marquês de Halifax, estadista inglês: “O melhor partido não é nada senão um tipo de conspiração contra o resto do país.”
Só uma correção Histórica:
01. no Império, os 2 partidos políticos não sofriam qualquer interferência do Imperador.
02. havia sistema eleitoral sim, porém restrito a quem tinha posses e sabia ler e escrever.
abraços