Porta-voz da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, Elizardo Sánchez, vê na reforma migratória uma tentativa do governo de impressionar a mídia, mas acredita haver poucas chances de saída para dissidentes como a blogueira Yoani Sánchez (especialista do Instituto Millenium).
Por Lis Miller
A reforma nas leis de imigração de Cuba foi anunciada pelo governo de Raúl Castro como um avanço em direção à maior liberdade de ir e vir dos cidadãos. No entanto, ativistas da oposição criticam a medida e reiteram não acreditar que a mudança fará, de fato, alguma diferença na vida da maior parte dos cubanos. É a avaliação do porta-voz da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, Elizardo Sánchez.
O Globo – Qual é a intenção do governo cubano com essa reforma?
Creio que o governo de Cuba teve a intenção de impressionar apenas os veículos midiáticos. Cuba continuará sendo uma “ilha-prisão” para a maior parte de seus habitantes. Não creio que o governo vai aceitar a liberdade de circulação dos cidadãos para fora do país. E isso é próprio desse regime: cercear a liberdade de circulação das pessoas.
O Globo – Essas mudanças não beneficiam aqueles que foram processados ou condenados no país. É uma maneira de continuar monitorando os passos de ativistas?
Sim. Até que a medida do governo tenha o alcance que deveria ter, o governo vai continuar controlando o direito das pessoas de viajarem livremente. Estamos na mesma situação de antes, especialmente para aqueles que se atrevem a se opor ao regime. E é a mesma situação de antes em relação aos profissionais também. O governo acha que aquela pessoa é sua propriedade e não permite que ela faça nada.
O Globo – Haverá alguma mudança significativa para a população depois dessa reforma?
Não. Nós continuamos na mesma. Nós seguimos de acordo com a música. Houve uma mudança, mas os cubanos vêm sofrendo há mais de meio século com a mesma repressão do direito e da liberdade de movimento.
O Globo – O senhor vê alguma chance de o governo autorizar a saída de algum dissidente?
É difícil acreditar que o governo vai autorizar que possamos viajar quando vemos o caso de Yoani Sánchez. Ela tentou viajar, o governo negou seu pedido. E há chances de ela tentar sair do país e não conseguir voltar mais.
O Globo, 17/10/2012
Há ainda outro fator que dificulta mais a vida dos cubanos: a questão econômica. Se os salários deles são tão miseráveis, como é que eles teriam condições de arcar um viagem para o Brasil ou até mesmo para a Europa, por exemplo. Acho que cubanos comprando pacotes de viagens de 2 semanas no Brasil seria algo muito raro! E isso se o Sr.Tarso Genro permitir! Será que ele gostaria desta ideia de cubanos livres? Segundo este bigodudo, Cesare Battisti pode ficar no Brasil, mas boxeador cubano pedir asilo político nem pensar!