Dentre os custos calculados na aferição do valor de um estabelecimento comercial e seus tantos elementos tangíveis e intangíveis, estão itens como passivo ambiental, passivo trabalhista e passivo social, cada qual advindo dos reflexos oriundos da atividade empreendedora.
Pessoas jurídicas de direito privado não possuem e não devem possuir fim social. A finalidade das empresas e suas diversas formas societárias é o lucro, obtido por vias lícitas, sem ferir a livre iniciativa e concorrência leal, conforme os princípios constitucionais orientadores das atividades privadas, expressos na Norma Principal pátria.
Ainda que no decorrer dos anos seja evidente a constante e galopante perda de qualidade nos serviços prestacionais, pagos com os tributos do povo brasileiro, e o Estado e seus governantes procurem transferir suas atividades classificadas como contraprestações ao campo da iniciativa particular, insistindo na tese sem fundamento que reza terem as empresas fim social, devendo arcar com saúde, segurança, educação, transporte e demais itens básicos de Direitos Fundamentais no lugar do próprio Estado, regiamente pago, tal insistência não se fará realidade, e mais recentemente desmorona em noticiários e nas diversas comunidades, independentemente das classes nelas contidas.
Pessoas Jurídicas de Direito Privado, ou seja, empresas e suas tantas composições societárias, podem sim promover ações sociais, envolvendo educação, Saúde e Segurança, entre outras, mas nem por isso passam a ter fim social. O fim ainda é o lucro e sempre será, e a opção em oferecer benefícios sociais aos colaboradores é uma escolha, não uma obrigação.
Claro, nos países em que o governo e seus legisladores não demonstram qualquer interesse quanto ao fim social do Estado arrecadador de tributos, é fácil constatar o jogo de empurrar à iniciativa privada tais funções estatais.
A transferência das obrigações prestacionais se verificam em diversas escalas, desde a distribuição de vales – vale família, vale leite, vale ar, vale sorriso, até programas como sua casa – sua vida, seus móveis – sua vida complementar, e tantos outros que visam apenas manter a escravidão humana com base na dependência, até a destinação de verbas imensas do BNDES aos sócios particulares daqueles que exercem cargos eletivos, públicos, bancando golpes bilionários para quem não contribui em nada com o emprego, o desenvolvimento ou a imagem do Brasil diante da pátria e diante do mundo.
Supondo que exista uma mudança promovida nas eleições desse ano e os governantes passem a ser parceiros dos cidadãos no desenvolvimento do país. Será ótimo. Contudo, é de se considerar o passivo moral do que até aqui foi implementado pelo populismo ganancioso e irresponsável.
Existe um passivo moral inserido dentro de cada pessoa coabitando o território nacional, nas mais variadas escalas. Existe o passivo moral na descrença quanto aos representantes corruptos e nas instituições oficiais que não agem ou se agem não punem com eficácia. Existe um passivo moral nos alunos sem escolas e seus pais e responsáveis desesperados com a falta um futuro melhor, assim como existe o passivo moral nos doentes e seus familiares os quais experimentam dor, sofrimento, humilhação e desesperança todos os dias, ao longo de anos.
E de todos esses passivos morais, dentre outros tantos, a desesperança é o dano maior. É um dano compartilhado e propagado entre cada ser humano, a todo minuto. Quando vence a desesperança, é sinal de que o sistema instituído não tem qualquer conexão com os membros da nação brasileira.
Em consequência, começam a ficar evidentes os medos dos conterrâneos brasileiros diante da possibilidade quase certa de passar vergonha ao receber visitantes de outros países, sejam quais forem, para eventos de grandes proporções, envolvendo saneamento básico, transporte, saúde, segurança, transporte e informação por exemplo – na verdade elementos que diante da carga tributária nacional já deveriam estar sanados e entregues ao povo – e que causarão transtornos a todos, sendo certo que, quando da partida dos convidados, tudo deverá ficar ainda pior, já que os administradores, legisladores e julgadores encarregados do destino do Brasil demonstram pouco interesse em agradar estrangeiros, e nenhum interesse em respeitar cada brasileiro que paga tributos absurdos.
Por óbvio, já existe um passivo moral no seio social que, se for combatido levará décadas para ser sanado. E por hora não existe sinal de que será combatido. Diante disso, a conta negativa chancelada nas almas daqueles que procuram contribuir para um país melhor, ou ter alguma esperança, irá aumentar e multiplicar.
Para que seja possível guardar algum fôlego de dignidade e esperança, é preciso que cada brasileiro consciente cuide do passivo moral dentro de sua casa e de seus familiares e amigos. É na sobrevivência dotada de bons valores nas células básicas da sociedade que reside o fôlego vencedor diante do que se apresenta no momento. Incentivar a boa leitura, o debate franco, democrático e, principalmente promover o encontro do que deve ser preservado com o que deve ser adaptado.
O resultado a ser atingido é um balanço social no qual exista uma saldo positivo e duradouro, que poderá, quem sabe, ser chamado “ativo moral”.
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