“Nós temos que construir o ecossistema para ligar todos os empreendedores do Brasil. Não dá para ficar esperando”, afirmou Gilberto Sarfati, professor de empreendedorismo da Fundação Getúlio Vargas EASESP. O recado encontrou anuência da plateia que assistia ao debate “Ecossistemas Globais”, durante o Festival de Cultura Empreendedora. A má notícia, portanto, é que não dá para ficar esperando o governo resolver todas as questões, incluindo as definições regulatórias.
A boa notícia, porém, é que a Getúlio Vargas está organizando uma missão para levar empreendedores brasileiros a Israel – e conhecer in loco o ecossistema de negócios de lá.Segundo Sarfati, o Brasil ocupa uma posição bem abaixo das maiores nações que apostam e incentivam o empreendedorismo, abaixo até de países como Irã e Suazilândia. “A nossa importância, como atores do ecossistema, é trazer essa conversa para o cenário nacional”, disse Sarfati.
Para entender a diferença entre o ecossistema brasileiro e o que acontece pelo mundo, o debate reuniu dois representantes de iniciativas estrangeiras. Fundador da Startup Europe Week e diretor do La Nave, espaço de coworking que se transformou em hub de empreendedores em Madri e se espalha pela Europa, Igor Tasic contou que seu projeto está conectando mais de 100 mil pessoas a cada ano. Um dos objetivos da empreitada é transformar Madri em uma das cidades mais empreendedoras do mundo. “Queremos formar uma parceria em São Paulo para receber os brasileiros em Madri”, diz.
Na Argentina, a atuação da NXTPLabs, fundo acelerador de capital semente, está trazendo frutos para as startups e iniciativas locais. De acordo com o diretor de programas Ciro Luis Echesortu, 194 empresas receberam investimento desde 2013. E isso em meio a uma crise financeira, como é o caso também no Brasil. “Na Argentina, não houve muito apoio do governo, apenas nos últimos anos com benefícios fiscais .e criação de alguns fundos”, diz.
Em compensação, esse ambiente desafiador acabou criando a base de uma cultura empreendedora exuberante. “Os desenvolvedores de software que antes trabalhavam para uma empresa encontraram uma outra fonte de trabalho. Gerou um capital humano bem qualificado”. Plataformas, como a Decolar e o Mercado Livre, mostram isso.
Se ainda há alguma dúvida de que esse setor pode ajudar a desenvolver a economia brasileira, basta olhar para Israel e entender como as startups nacionais poderiam se mirar nesse avanço. Gilberto Sarfati, que viveu em Israel durante alguns anos, diz que acompanhou de perto o desenvolvimento desse ecossistema e seu impacto econômico no PIB do país. “A emergência de um ecossistema muda a cara de uma região”, diz. “Em pouco tempo, Israel começou a se tornar um país rico. E estar lá naquele momento foi uma experiência transformadora. Não sabia o que era empreendedorismo, nem existia essa palavra no nosso dicionário, e olhe agora.”
Para unir os projetos de todo o país, ele e sua equipe lançaram o Mapedin Brasil, uma plataforma que cadastra e mapeia as startups e empreendedores do país. Com tecnologia semelhante ao do Google Maps, pode-se ver, lá do alto, qual é a distribuição e o adensamento do ecossistema nacional e dos regionais. Assim, o empreendedorismo que demorou, mas entrou para o Aurélio, também vai entrar no mapa brasileiro.
Fonte: “IstoÉ”
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