Segundo padre do órgão, estrangeiros chegam pelo Terminal Rodoviário da Barra Funda; só nesta semana, foram 47
A imigração de haitianos para São Paulo ainda não perdeu força. Entre janeiro e ontem, 3.462 cidadãos do Haiti passaram pela Pastoral do Imigrante, órgão da Igreja Católica no Glicério, centro da cidade. O balanço foi repassado pelo padre Paolo Parise, coordenador da entidade, durante cerimônia de abertura de uma casa para refugiados políticos, na mesma região.
“Só nesta semana, foram 47 haitianos. Eles agora estão chegando pela Rodoviária da Barra Funda. Lá, descem do ônibus perdidos. Só chegam aqui (à pastoral) porque são ajudados por funcionários do Metrô, por cidadãos que conhecem a gente. Senão, estavam perdidos”, disse o padre, que continua a cobrar das autoridades um local para abrigar os imigrantes.
“A situação é diferente no que se refere à emissão de documentação. Agora, eles conseguem a carteira de trabalho em um prazo razoável”, afirmou o padre. “E a procura das empresas também segue em alta. Ontem mesmo, um hipermercado contratou 150 pessoas.”
Depois que a imigração dos haitianos foi noticiada, em abril, a Prefeitura e o governo do Estado passaram a auxiliar a pastoral. “Um problema é que o abrigo também é usado por moradores de rua. E eles não se sentem nessa condição, de morador de rua, e têm muita resistência em ficar nos abrigos”, contou o padre. Parte dos haitianos que chegaram nesta semana dormiu em uma sala de aula.
Abrigo – Um abrigo para atender refugiados – pessoas que, diferentemente dos haitianos, deixaram seus países por causa de perseguição política ou religiosa – foi aberto na tarde de ontem na capital.
O centro foi custeado pelo governo do Estado. A abertura de um local para pessoas que chegam à cidade nessa situação foi decidida com o governo federal e a Prefeitura, justamente depois das reuniões para discutir a chegada dos haitianos. São 50 vagas na unidade.
No evento, a secretária da Justiça e da Defesa da Cidadania, Eloísa de Souza Arruda, voltou a criticar o governo do Acre por manter o envio dos haitianos para São Paulo. “Eles continuam com as mesmas práticas. Os haitianos viajam 3 mil quilômetros sem nem fazer um lanche sequer”, afirmou. Entretanto, ela disse ainda estudar soluções. “Já avaliamos denunciar o Acre a tribunais internacionais e tomar outras medidas, mas isso ainda está em análise.”
Em abril, essa medida foi abortada após análise de que um Estado não poderia denunciar outro, uma vez que ambos são da mesma federação. A reportagem tentou contato com a Secretaria de Justiça do Acre, mas não foi atendida.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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