O economista e membro fundador do Instituto Millenium Paulo Guedes falou sobre “Liberdade econômica e a grande crise contemporânea” na última palestra do ciclo “Liberdades”, promovido pelo Imil em parceria com a Casa do Saber Rio.
Guedes analisou os fatores determinantes para a eclosão da crise econômica mundial e as perspectivas para a nova ordem global. O economista acredita que os países ricos que mais sofreram com a crise se iludem ao pensar que o mundo voltará “ao normal”: “Os EUA têm a esperança de que as coisas vão se estabelecer como eram antes da crise e os europeus vão votar em socialistas, cegos pela crença de que o mundo vai voltar a ser como era antes. Nada disso vai acontecer”, enfatizou.
O abuso dos financistas norte-americanos e o welfare state promovido pelos políticos europeus foram duramente criticados pelo palestrante: “são os grandes responsáveis pela crise”, apontou. Guedes foi duro ao revelar os “erros ocidentais” nas decisões políticas que “destruíram as bases saudáveis de uma economia de mercado”: “Os europeus ruíram com o futuro dos seus próprios filhos escolhendo promessas de bem-estar social. Eles deixaram tanta coisa na mão do Estado que acabaram por condenar seus filhos a trabalharem como escravos. Hoje a Europa sofre uma disputa entre gerações”. Os EUA também foram lembrados: “Os burocratas financistas capturaram o governo e falsificaram a ideia de economia de mercado, escondendo as perdas, também existentes no sistema”.
A China também foi mencionada como determinante na conjuntura econômica atual: “O primeiro movimento que caracteriza essa grande crise é a colisão de dois mundos: de um lado, 3,5 bilhões de eurasianos prontos para trabalhar 24h por dia, dispostos para qualquer negócio, economicamente miseráveis e politicamente despóticos. Do outro, o lado ocidental em declínio, abusos do sistema, crédito fácil e a constante perda de competitividade europeia.”
O especialista não acredita na extinção do capitalismo e defendeu que “os mercados são instituições fortes baseadas em características inerentes aos seres humanos”. “Se você disser para um chinês que o capitalismo está acabando ele vai gargalhar. A grande alavanca de inclusão social para os asiáticos são os mercados”, afirmou.
Paulo Guedes finalizou a palestra falando um pouco sobre o desempenho do Brasil durante a crise. O especialista não crê em melhoras relevantes para a economia: “Não há competência política. O Brasil está fora da crise mas não aproveita oportunidades. O mundo parou e nós optamos por parar também.” Para o economista, a dependência dos brasileiros pelo Estado é grave: “Não transformamos o mercado em um grande sistema de inclusão social, preferimos o Estado. Quanto mais recorrermos ao governo desta forma, mais estaremos estamos hipotecando nosso futuro”.
Palestras anteriores
O ciclo “Liberdades”teve a participação do jornalista e escritor Guilherme Fiuza abriu a série no dia 2 de abril com o tema “Liberdade de Expressão”. O segundo encontro aconteceu no dia 7 de maio com o advogado e procurador do Estado, Gustavo Binenbojm, que abordou a “Liberdade Jurídica”. No dia 4 de junho, Moacyr Góes, diretor teatral, falou sobre “Liberdade e servidão consentida“
Décadas atrás analistas fizeram advertências sérias de que o excesso de beneficios concedidos aos europeus através de seus planos para o bem estar social tornar-se-iam um grave problema no futuro. Este futuro chegou, e o cidadão europeu não quer abrir mão de suas conquistas sociais.