O partido Democratas, numa convenção interna que mais parecia um velório, elegeu o senador José Agripino Maia como seu novo presidente. Agripino veio para ocupar o lugar que foi de Rodrigo Maia.
Em seu primeiro pronunciamento como presidente do DEM, Agripino rejeitou enfaticamente a “pecha de direita”. Coitada da direita… Nada sofre mais preconceito no Brasil do que ela. Negros, índios, mulheres, homossexuais, corinthianos e anões canhotos: todos possuem uma ONG para chamar de sua. Todos contam com alguém interessado em lhes representar os interesses. Já a direita, tadinha, está abandonada.
A fala de Agripino vem confirmar algo que sempre falei: não existe uma direita politicamente organizada e eleitoralmente viável no Brasil. Isso acaba por revelar uma das maiores mentiras da história política nacional: PSDB e DEM (ou PFL, como queiram) nunca foram neoliberais. Aliás, nunca foram sequer liberais, quanto mais “neo”… Isso nunca passou de retórica torta, criada pelas esquerdas para aproveitar o – voilá! – preconceito que existe contra a direita no país.
Por alguma razão que me é difícil de compreender, o Brasil acreditou na lenda de que o regime militar foi de direita. Por conseguinte, a direita é sempre associada ao mal, à tortura e à repressão, carregando um ônus que definitivamente não é dela.
Eu desafio qualquer um a demonstrar – com base em argumento lógicos! – que a ditadura militar foi de direita. O problema, é que faço um desafio natimorto, afinal, é impossível traçar semelhante relação. Os militares foram todo o oposto daquilo que é o pensamento da direita. Aumentaram o tamanho do Estado, imprimiram dinheiro, multiplicaram a inflação e organizaram um intervencionismo sem precedentes. Sabem, meus caros, quem foi o maior criador de estatais da história do mundo? O Sr. Ernesto Geisel.
Diante disso, me apontem um traço de Adam Smith, de Von Mises, de Bastiat, ou de Ayn Rand no que vai acima. Onde está a liberalização da economia e o Estado mínimo? Onde estão, enfim, os traços concretos e verdadeiros de que o regime militar teria sido de direita? Pois é, não os há.
Mas é aquela velha história: “uma mentira contada mil vezes, se torna verdade”, como bem lembrou Goebbels, um dos maiores ideólogos do nazismo. Ah, sim! Tem ainda o nazismo… O establishment tupiniquim insiste em tratar o regime comandado por Hitler como algo de direita, apesar das enormes evidências em contrário. De novo: a economia na Alemanha nazista era liberal? Não! Foram conduzidas privatizações? Não! O tamanho do Estado foi reduzido? Não!
Isso pra não mencionar que nazismo é o – como direi? – “apelido carinhoso” de Nacional-Socialismo. Ou seja, Hitler é ideologicamente mais próximo a Marx, que à Escola Austríaca. Por favor, não acreditem em mim! Acreditem nele, Hitler: segundo o genocida, Lênin era um herói; um modelo; uma inspiração…
“Ah, mas o nazismo, assim como o regime militar brasileiro, foi violento. E se tem violência, é de direita!” Pois é… Eis a síntese do – vá lá… – raciocínio de boa parte da academia brasileira. Basta ter a coluna ereta e conhecer um punhado de livros clássicos, para saber que semelhante construção não guarda qualquer relação com a realidade. Mas, ainda que se aceitasse fazer o que chamo de “disputa de cadáveres”, convenhamos: a pilha de mortos construída pelas esquerdas ao longo da história humana é infinitamente superior. Stalin, Mao e Pol-Pot, só para citar alguns, fazem Hitler parecer apenas um vegetariano travesso… Isso pra não mencionar Cuba, aquele paraíso na terra, fruto do socialismo, de onde os cidadãos tentam fugir até mesmo improvisando balsas feitas com portas de geladeiras velhas!
E apesar de prometer um “outro mundo possível” do alto de mais de 100 milhões de mortos, a esquerda segue sendo a mais desejada pelos políticos brasileiros. O Brasil, aliás, conseguiu inovar até nisso: nunca antes na história do mundo houve um país democrático que contasse apenas com partidos progressistas. Só aqui! A direita, essa pobre coitada, continua sendo tratada com preconceito. Ninguém quer se reconhecer nela…
Colocando as coisas em perspectiva e analisando o conjunto dos eventos históricos, fica fácil compreender: num país historicamente formado a partir de clientelismo rasteiro e interesses pessoais atrelados ao Estado, não poderia mesmo haver espaço para um discurso liberal, que advogasse o individualismo, a meritocracia e as liberdades. Em outras palavras, podemos dizer que os deputados não querem reduzir o tamanho do parlamento, porque estão preocupados apenas com os próprios bolsos. Ou, ainda, pode-se dizer que a empregada doméstica não quer trabalhar todo dia limpando a casa da patroa, pois pode ficar em casa recebendo bolsa-qualquer-coisa.
Não pretendo convencer ninguém de que a existência de uma direita política forte seria a solução para os problemas do Brasil, simplesmente porque os problemas do Brasil só serão resolvidos com a mudanças dos valores morais da sociedade. Isso tem menos a ver com partidos, do que com cultura, para nosso azar.
Uma coisa, porém, é inegável: não há na história da humanidade registro de nenhuma democracia vigorosa, em país desenvolvido, que não tenha contado com partidos de direita. Nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Suécia, na Finlândia, na Espanha, na França, na Alemanha, no Japão e em mais uma miríade de nações, a defesa das bandeiras liberais sempre estiveram presentes – ora no governo, ora na oposição.
Não será o Brasil o primeiro país da história a conseguir alcançar um grau respeitável de amadurecimento democrático, assentando sua vida política na defesa de apenas um dos lados do espectro político. Pelo menos não é o que se tem visto até agora…
É preciso derrotar o preconceito contra a direita. Depois disso a gente pensa no preconceito contra os negros, as mulheres, os homossexuais, et caterva
Artigo do leitor Yashá Gallazzi
Lá vem a PRIVATARIA.
e fhc minusculo, foi oque então?
O problema do txt acima é q o autor reduz a direita ao liberalismo, esquecendo dos conservadores, da direita religiosa, etc. De fato, os militares brasileiros não foram liberais, mas foram de direita, tanto que combatiam os comunistas. E a direita brasileira, bem como essa esquerda autoritária que está aí, sempre foi estatista, patrimonialista, oligárquica, nacional-desenvolvimentista, corrupta e autoritária. Lula admira Geisel.Pelo visto, há muito o q discutir sobre teoria política e econômica.
Liberalismo é a absoluta, liberdade do individuo, inclusive de possuir, escravos.
A estratégia da direitona é dizer que a ditadura foi de esquerda?
Matar e torturar comunistas é coisa de ditadura de direita, sim!
Eu adoraria dar continuidade a esta discussao, mas quando uma pessoa lanca um desafio, ao menos ela procurou saber se o que ela acredita eh mesmo verdade. Sugiro ler o AI-2. Depois fico no aguardo do texto de desculpas publicas.
assim como torturar e matar direitista é coisa de ditadura de esquerda
Na verdade para mim liberalismo não é ‘de direita’ em lugar nenhum do mundo, mas falta definir o que é um e o que é o outro.
Os republicanos americanos são gastadores e contra aborto e liberação das drogas (para ficar em dois exemplos) isto é ‘de direita’, mas não é liberal.
Para praticamente qualquer país do mundo liberalismo vai significar menos estado e direita e esquerda implicam em usos (na melhor das hipóteses) diferentes do estado.
“É preciso derrotar o preconceito contra a direita. Depois disso a gente pensa no preconceito contra os negros, as mulheres, os homossexuais, et caterva”
O autor, além de desconhecer a distinção entre “direita” e “direita liberal”, o que deu vazão a esse artigo mais que embaraçoso, é (na melhor das hipóteses) muito infeliz em seu latim: “caterva” significa literalmente corja ou, na expressão, o restante da ralé — o que negros, mulheres e homossexuais estão longe de ser.
É evidente que eu não limito o conceito de “direita” apenas ao liberalismo econômico. Mas é fato que todas as diferentes matizes da chamada “direita” (dos conservadores aos libertários) se assemelham no que diz respeito ao entendimento do papel do Estado na vida econômica. Note-se bem: eu disse ASSEMELHAM, não IGUALAM! Assim, empreguei apenas o termo “direita” como uma sorte de denominador comum, não no intuito de generalizar ligeiramente.
Prosseguindo: Pode haver quem defenda uma economia integralmente apartada do Estado, onde sequer exista a impressão pública de papel-moeda. Pode haver ainda quem não chegue a tanto, defendendo que o Estado se ocupe de educação, saúde e segurança pública. Pode haver, ainda, quem acredite que ao governo cabe apenas a defesa externa. São todos muito diferentes, mas SE APROXIMAM num aspecto: considerada a realidade atual, TODOS advogam uma redução do tamanho do Estado. Eis a idéia do texto.
Bárbara, é evidente que eu conheço o significado da expressão “caterva”. Está posto que não o empreguei com sentido pejorativo, ou no intuito de ofender quem quer que seja. Recorri àquela construção final para construir uma hipérbole, exagerando deliberadamente a fim de aumentar o alcance do texto, nada mais. O texto todo está escrito num tom irônico, assim como sua conclusão. É evidente que nenhum preconceito contra “a direita” é maior ou mais danoso, nem poderia sê-lo, não é mesmo?
[Ainda respondendo ao comentário da Bárbara]: É fato que não espero a criação de uma ONG que defenda “a direita”. Ou que ela se organize numa categoria social de militância (como negros, gays, mulheres, índios, etc.). Isso, afinal, seria contrário ao próprio conceito de “direita”, onde tudo se encerra no indivíduo, não em grupos coletivos. Daí o caráter irônico daquela construção final, que, como dito, não tem o escopo de ofender quem quer que seja, esclareço.
Yashá, discordando de que a direita se encerra no indivíduo, nos EUA, existem várias organizações libertárias feministas, LGBT, ambientalistas, etc. que defendem o direito das mulheres, dos homossexuais, a descriminalização das drogas e o aborto (com certas restrições). São ultraliberais.
Os liberais brasileiros, não sei se por sua aliança com os conservadores, não dao resposta para essas demandas da sociedade, e elas acabam se tornando monopólio da esquerda. Seria bom rever isso.
Prezado Yashá
Antes de mais nada quero dizer que considerei excelente o seu artigo, quase irretocável. Tanto que até agora me abstive de faze-lo. Porem ao ler os comentários acima, achei que devia tambem emitir munha opinião.
Em primeiro lugar, este conceito de esquerda x direita encontra-se cada vez mais obsoleto e datado e uma corrente de pensamento como o “liberalismo”, não pode ser automaticamente encaixado nem num lado nem noutro.
CONTINUANDO
Nos EUA, os liberias identificam-se com os democratas e os conservadores com os republicanos. Lá existe este sentido liberal x conservador = democrata x republicano = esquerda x direita.
Nos EUA, a palavra “liberal” tem um sentido muito mais pregressista e impregnado de idéias esquerdistas, como a defesa do aborto, das práticas homossexuais e de promoção de “minorias” raciais e sexuais. Neste sentido, liberal não pode jamais ser confundido com a direita. A direita é…
… conservadora
SO PRA TERMINAR…
O lema do Duce italiano era: “Tudo pelo estado, nada contra o estado, nada fora do estado”. Isso é esquerda ou direita?
E o nome todo do partido nazista era: Partido Nacional-socialista dos Trabalhadores Alemães.
Ou seja; juntou numa só sigla o trabalhismo com o socialismo e o nacionalismo “xenofóbico”. O que pode ser mais sequerdista do que isso?