Eleição das mais acirradas não provocou maior participação dos eleitores
Na eleição mais acirrada da história, a expectativa de que o número de abstenção pudesse definir o resultado não foi confirmada. O percentual de eleitores que não compareceram às urnas se manteve na média histórica. Até o fechamento desta edição, segundo os números revelados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), estava em 21,09%. No primeiro turno, ficou em 19,39% (cerca de 27,6 milhões de eleitores). Em 2010, o primeiro turno registrou a abstenção de 18,12% e o segundo turno, 21,5%.
Cientista política da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), Maria do Socorro Sousa Braga diz que o patamar frustrou expectativas.
— Era esperado um maior engajamento dos eleitores e, portanto, uma redução da abstenção neste segundo turno, por conta da disputa acirrada. Imaginávamos que isso seria um incentivo à participação – avaliou a cientista política.
Mas, diante de um cenário do início do ano, que apontava para índices recordes de ausência nas pesquisas, por conta da onda das manifestações populares em 2013, o resultado obtido, na opinião dela, foi positivo.
O cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Marco Antônio Carvalho Teixeira também acredita que o número de ausentes seria menor do que foi registrado pelo TSE.
— É um número alto, mas está dentro da média. Numa eleição como essa, a abstenção poderia ser decisiva pois foi uma eleição muito polarizada. (Com esse acirramento) era esperado que se mobilizasse mais gente nessa reta final, mas não.
Teixeira apontou ainda a ausência de propostas e a agressividade das duas campanhas eleitorais como justificativas para que o índice tenha se mantido dentro do patamar histórico.
— A população não foi convencida, não foi sensibilizada pelos candidatos, justamente pela ausência de propostas e também pela agressividade das campanhas. Mas não foi um índice muito fora do curso, já que a média costuma ser de 18%, 19%.
Cláudio Couto, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV,) afirmou que nem mesmo a militância dos partidos indo às ruas na reta final das campanhas foi capaz de diminuir o índice.
— No segundo turno, o percentual de abstenção sempre é maior do que no primeiro. E quem vai para ruas fazer militância é quem vai votar de qualquer jeito, então é ilusório achar que o número poderia ser alterado.
Para Maria do Socorro, entretanto, o percentual de abstenção registrado nas urnas este ano não deve ser fator de preocupação.
— Ficou muito próximo dos índices históricos. Não é motivo para preocupação, por enquanto — disse a cientista política da Ufscar.
Fonte: O Globo
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