Em que pese aos notáveis avanços científicos e tecnológicos, a inteligência humana ainda não conseguiu desenvolver um instrumento perfeito para controlar o andar da vida. O destino parece ser um touro indomável que muda de direção sem prévio aviso; os fatos simplesmente acontecem; as mudanças ocorrem; o teatro da vida faz seu show, gostemos ou não. Os racionalistas bem que tentaram explicar tudo em seus mínimos detalhes; esqueceram, todavia, que a linearidade das explicações é insuficiente para aplacar a sinuosidade dos acontecimentos. E, mais, embora a importância inquestionável do racionalismo, quem só assim o é não deixa de ser um prepotente que pensa que a razão é a resposta para todas as interrogações do cotidiano. Se você é assim, me responda o seguinte: qual a definição do amor?
Olha que teve muita gente boa tentando decifrar, sem sucesso, o enigma sentimental dos românticos. Se queres seguir tentando encontrar a equação matemática do amor, vá lá e tente; talvez um dia você consiga. Mas não se esqueça de que há o risco de a vida passar e você não sentir; o tempo tem esse talento de iludir a realidade com fantasias e purpurina e, quando a festa acaba, o que fica é o pó. Nada é tão certo quanto a transitoriedade da vida. O importante é vivê-la sem medo e com a pretensão de fazer a diferença, de construir algo novo, de marcar positivamente o coração das pessoas. Precisamos resgatar os grandes valores da humanidade. A relatividade do tempo presente e a sensação de que tudo é possível traduzem apenas um movimento que, sob as vestes do vanguardismo, quer instalar a anarquia do atraso.
Não há dúvida de que a sociedade evoluiu, trazendo consigo novos hábitos e possibilidades. Todavia, desde que o mundo é mundo, a honestidade e a decência de procedimentos sempre foram valores obrigatórios dos homens dignos. Poderá ser dito que, tal como o amor, a decência e a honestidade possuem conceitos subjetivos. Ora, ser decente e honesto é um padrão objetivo que não se presta às subjetividades do sentimento; é um dever de conduta inalienável aos acenos promíscuos da corrupção dos costumes; é um lema de vida; é um causa para viver; é um hino de moralidade, e não uma música para dançar.
É impressionante como nos faltam convicções firmes nos dias atuais. O acintoso processo de relativização moral e afrouxamento ético tem empobrecido o espírito crítico coletivo, condenando os que não se curvam ao banco dos conservadores e rea-cionários. Vivemos um perigoso tempo de permissividade excessiva. O problema é que, quando tudo passa a ser permitido, nada passa a ser proibido. E, assim, a lei, seja ela moral ou institucionalizada, passa a ser um mero ornamento de decoração que pode, inclusive, ser comprada ou vendida. E isso notadamente não é bom nem promissor. Não sei por que o Brasil me veio à cabeça. Você sabe me explicar o motivo?
Fonte: Zero Hora
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