Estudo realizado pela Transparência Internacional – Brasil (TI), com a Fundação Getulio Vargas (FGV Rio), mostra que os brasileiros avançaram em práticas de combate à corrupção, tanto no setor público quanto no privado e sociedade civil. A pesquisa “Integridade e Empresas no Brasil” aponta que, após o escândalo da Operação Lava Jato, houve uma proliferação de programas de compliance (transparência financeira) nas empresas, porém a maioria deles sem aplicação efetiva.
“É urgente que as empresas tirem do papel esse emaranhado de compromissos por uma companhia mais ética e transparente. Neste sentido, os esforços devem ser estimulados não apenas pelo próprio mercado, mas também pelo governo e pela sociedade”, afirma Guilherme Donega, consultor da TI no Brasil.
Outro problema, segundo o relatório, é a falta de transparência e de divulgação de informações anticorrupção pelo setor empresarial — práticas que foram mal avaliadas pelo movimento.
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“As companhias geralmente se limitam a divulgar informações para públicos especializados, como investidores, clientes, governos e reguladores. Em resumo, elas fazem apenas o básico, atendo-se exclusivamente às exigências legais e pecam, principalmente, na transparência de suas operações no exterior”, acrescenta Claudia Sanen, que também é consultora da Transparência.
Notícias falsas
Em relação à sociedade civil, a pesquisa indica a necessidade de melhoria da cobertura jornalística por parte da imprensa e também novos blogs e portais de notícia especializados — de forma a combater as fake news.
No setor público, os especialistas afirmam que a ineficiência na aplicação de leis por parte das autoridades e a lentidão dos processos criminais favorecem a impunidade no país.
“Nossas pesquisas têm confirmado as transformações que efetivamente começam a ocorrer na sociedade e no ambiente de negócios brasileiro. Se o país persistir neste empenho e avançar com novas reformas, pode estar construindo para si grande vantagem competitiva frente a outros mercados”, afirma Bruno Brandão, diretor-executivo da TI no Brasil.
Fonte: “Veja”