A consultoria Mercer — que atua globalmente nos temas de carreira, saúde, previdência e investimentos — realizou uma pesquisa no Brasil sobre os “Impactos da crise na estratégia de remuneração total”.
Os resultados mostram que muitas empresas ainda não decidiram modificar substancialmente suas práticas, por conta da pandemia do novo coronavírus. Mas uma tendência já pode ser observada: o congelamento dos salários neste ano.
Quase metade das participantes do levantamento (45% de 215 empresas) responderam que consideram a possibilidade de congelamento. Ao mesmo tempo, apesar da crise, menos empresas afirmaram que pensam em adiar a definição das metas de desempenho (26%) ou revisar os indicadores de performance (25%).
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O líder de negócios de carreira na Mercer Brasil, Antonio Salvador, acredita, no entanto, que é uma questão de tempo que essas medidas sejam adotadas de forma mais ampla.
— Esses números não contam toda a história. Acho que é preciso fazer uma análise por setor — alerta Salvador:
— Indústrias como a de turismo obviamente não terão metas para este ano, pois foram severamente impactadas pela crise. Mas empresas de tecnologia, que estão surfando na onda da transformação digital, reveriam as metas apenas para cima, pois cresceram dois dígitos na pandemia. Então, de forma geral, vai haver uma atualização das metas nas empresas.
Estabilização de salários
Da mesma forma, é preciso fazer um viés de setor para analisar o dado de estabilização de salários, segundo o líder de negócios de carreira:
— Tudo depende de quão acirrada vai ser a briga por talentos em cada setor. Mas há uma tendência de salários mais estáveis, pois numa crise a ordem do dia para as empresas é olhar o caixa e diminuir os custos, principalmente os fixos. As empresas têm preferido criar políticas de incentivo ligadas a variáveis, ou seja, mediante sucesso — explica.
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Por isso, a pesquisa também abordou alternativas para adaptar seus planos de remuneração variável para a força de vendas. Entre elas, destacam-se: garantir uma remuneração variável mínima durante um tempo determinado (19%) e introduzir campanhas com premiações específicas (12%).
Pequenas empresas
Para as pequenas empresas — que empregam 90% da força de trabalho brasileira — Salvador orienta que medidas sem custo ou com baixo custo são tão importantes para manter uma equipe motivada quanto bonificações salariais.
— A tecnologia está disponível para todos. A grande barreira de competição entre empresas são os talentos. E nunca foi tão importante o que chamamos de salário emocional. Eu já passei por algumas crises econômicas no país e me lembro de como fui tratado nesses momentos. Então, é muito importante que as empresas cuidem de seus trabalhadores de maneira mais abrangente, pensando formas de um retorno ao escritório de forma controlada, oferecendo suportes físico e emocional, e estabelecendo uma comunicação franca e constante com os colaboradores. Se pequenas e médias empresas não têm um RH sofisticado, por outro lado, conhecem seus funcionários. Isso é muito importante — destaca Salvador.
Fonte: “O Globo”