O petróleo foi o responsável pelo resultado negativo da balança comercial. Em fevereiro, o déficit da conta petróleo e derivados foi de US$ 2,477 bilhões e a balança ficou no vermelho em US$ 2,125 bilhões, ressalta o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Ele ficou surpreso com o resultado e atribui o déficit ao acionamento dás usinas termoelétricas. Outra surpresa: o superávit com Argentina, apesar da crise. A seguir, os principais trechos.
O que o sr. achou do resultado da balança de fevereiro?
Esperava um saldo um pouco melhor, isto é, um déficit na balança de US$ 1,5 bilhão a US$ 1,8 bilhão.
Quem foi o responsável por esse resultado ruim?
O petróleo, que foi duplamente culpado: na exportação e na importação. A importação de petróleo está muito alta. A média diária em fevereiro possivelmente foi recorde. Claro, que isso deve ser em decorrência do acionamento das térmicas, o que demandou mais combustível. Também a exportação de petróleo foi muito baixa. Em fevereiro do ano passado, a exportação foi US$ 85,6 milhões, em janeiro deste ano tinha sido US$ 83,1 milhões e em fevereiro deste ano, US$ 81,8 milhões. Também o preço do petróleo caiu muito. Quando se compara com fevereiro de 2013, o preço caiu 9,8% e a quantidade recuou 23,1%.
O efeito da crise argentina apareceu no resultado?
Apareceu de forma contrária. Em fevereiro, as importações da Argentina caíram 31,1% e as exportações para lá diminuíram 18,7%. Ou seja, importamos muito menos do que exportamos para a Argentina.
Então, a Argentina não foi responsável pelo resultado ruim?
Pelo contrário. No acumulado de janeiro e fevereiro, o Brasil tinha em 2013 um déficit de US$ 15 milhões com a Argentina. E agora em 2014 passou para um superávit de US$ 297 milhões. Isso foi uma surpresa. Se a Argentina tivesse o déficit que todos estavam esperando, inclusive eu, o déficit acumulado do ano seria maior ainda.
A recuperação de preço das commodities indica que o resultado da balança será melhor?
O resultado deverá ser positivo não só pela recuperação dos preços das commodities agrícolas, mas porque março, abril e maio são os principais meses de embarque de soja.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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