Estudo aponta que se governo concedesse à iniciativa privada 42% dos R$ 198 bilhões anunciados, PIB avançaria R$ 256 bilhões
A concessão de apenas uma parte do Programa de Investimento em Logística (PIL), lançado em junho pela presidente Dilma Rousseff, seria suficiente para dar novo gás ao Produto Interno Bruto (PIB), que neste ano deve cair 2,85%. Cálculos da GO Associados mostram que se o governo conseguisse conceder à iniciativa privada 42% dos R$ 198 bilhões anunciados, haveria um incremento de R$ 256,4 bilhões no PIB do Brasil.
Os dados, constantes no 5º Boletim Trimestral da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop), mostram que, para cada R$ 1 investido, há um aumento de R$ 3 no PIB. A concessão de R$ 84 bilhões em estradas, aeroportos, ferrovias e portos criaria 4,9 milhões de novos postos de trabalho – até o segundo trimestre o setor havia perdido 700 mil empregos formais e informais por causa da crise econômica.
“Quando uma empresa faz uma obra, ela compra insumos e contrata gente. É um círculo virtuoso, que terá impacto numa série de setores e atividades”, afirma o sócio e economista da GO Associados, Gesner Oliveira. Segundo ele, os números – que incluem apenas projetos considerados mais fáceis de serem implementados – são uma demonstração de como a infraestrutura pode contribuir para o crescimento da economia.
Mas, apesar dos benefícios claros para combater a atual crise econômica, o governo empacou na agenda de concessões. Na melhor das hipóteses, apenas um leilão será realizado este ano: a Rodovia do Frango, entre o Paraná e Santa Catarina. Segundo o Ministério dos Transportes, os estudos foram encaminhados ao Tribunal de Contas da União (TCU) em 31 de agosto, com expectativa de ser liberado em 45 dias. Só a partir daí o governo poderia lançar o edital e marcar o leilão da rodovias, de R$ 3,5 bilhões.
“O investidor olha com pessimismo para a economia brasileira, mas tem apetite por esses projetos”, afirma o presidente da Apeop, Luciano Amadio. Para ter ideia do interesse da iniciativa privada, apesar da crise que assola o setor, a entidade formou 79 grupos, cada um com três ou quatro empresas, para analisar projetos em 35 áreas diferentes. “Mas está tudo parado, seja em concessões do governo federal ou estadual.”
Segundo o Ministério dos Transportes, duas rodovias estão em fase de audiência pública e outra deve ter os estudos enviados em breve para o TCU. Há ainda 11 lotes de estradas que estão em processo de procedimento de manifestação de interesse (PMI), em que as empresas fazem os estudos e apresentam para o governo fazer o leilão. Nas ferrovias, as PMIs começam a ser entregues pela iniciativa privada. O projeto mais avançado é o trecho Rio de Janeiro-Vitória.
No setor de portos, o governo avançou na autorização de renovação antecipada de alguns contratos de arrendamentos. Até agora a Secretaria de Portos liberou a prorrogação do contrato de seis terminais, que devem representar investimentos de R$ 5 bilhões nos próximos anos. Há ainda expectativa de que o governo consiga fazer os leilões de áreas no Porto de Santos e Pará ainda este ano.
“Temos de correr atrás para recuperar o prejuízo que o setor teve até agora”, afirma Amadio.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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