Esta semana foi marcada pelo início de uma mudança que promete transformar ainda mais os meios de pagamento no Brasil: o Banco Central liberou o acesso às chaves Pix, e as transferências pelo novo sistema poderão ser efetuadas a partir do dia 16 de novembro. Esta é uma nova forma de pagamento digital, sendo mais uma opção para o consumidor – além de cartões de crédito e débito, boletos e transferências DOC e TED. A ideia tem o objetivo de modernizar o sistema de pagamentos do país. Mas quais são as vantagens para o consumidor final? E quais as principais alterações no dia a dia dos brasileiros?
Para entender melhor essas transformações, conversamos com dois especialistas no assunto: o doutor em Economia, Denis Alves Guimarães, que participou da consulta pública sobre o regulamento do Pix; e o conselheiro do Instituto Millenium, executivo e ex-vice-presidente do Nubank, Dennis Wang.
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Dennis Wang explicou que o grande objetivo é melhorar o sistema e reduzir custos dos pagamentos e transferências. O Pix será instantâneo e gratuito, funcionando 24 horas por dia. “Acabamos com os problemas de TED e DOC, que só operam em horário comercial. Hoje, caso a transferência seja feita após este período, os valores são depositados apenas no dia seguinte”, lembrou o ex-vice-presidente do Nubank.
Denis Guimarães, por sua vez, acredita que o grande diferencial do novo modo de pagamento é a rapidez: a chave Pix será a informação fundamental para a pessoa identificar o beneficiário da transação. Ou seja: não será mais necessário informar tantos documentos, como acontece hoje. “No Pix, a informação fundamental para identificar o cliente recebedor é a chave Pix. Existem quatro tipos de chaves possíveis: CPF ou CNPJ; e-mail; número de celular; ou a chave aleatória, para os casos nos quais o cliente que vai receber não quer fornecer nenhum desses dados”, explicou.
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Wang acredita que os benefícios do novo sistema serão sentidos tanto para o cliente final, que poderá realizar transações de qualquer lugar e sem custo; quanto para instituições financeiras, que reduzirão os custos operacionais. Além disso, a tendência é que menos boletos sejam gerados a partir de agora.
Além dos benefícios citados, Denis Guimarães alerta para a geração de concorrência que será promovida entre as instituições, o que também é benéfico para o consumidor final. “O principal objetivo do Banco Central ao criar o Pix é aumentar a concorrência nos meios de pagamento, o que beneficia o mercado em geral e os consumidores em particular. O Pix, inclusive, não é a única iniciativa”, disse, lembrando a questão do open banking.
+ A revolução nos meios de pagamento
Dennis Wang também chama a atenção para os impactos econômicos positivos que esse tipo de avanço tecnológico pode gerar. “A melhora na experiência do consumidor ajuda a aumentar as transações e girar a economia. Uma grande mudança, quando aumentamos a facilidade para o cliente, é uma migração natural das pessoas na utilização do dinheiro para contas digitais e pagamentos por aplicativos”, destacou.
Proteção de dados
O ex-vice-presidente do Nubank disse que ainda não se pode ter uma visão clara de como será o mecanismo de proteção de dados. Dennis Wang, no entanto, garante que as empresas de tecnologia estão empenhadas em fazer com que o processo seja o mais seguro possível.
“Com certeza será mais fácil para a segurança de dados porque com o e-mail ou telefone de uma pessoa você já consegue realizar a transferência, então é preciso dar menos informações. E com certeza a segurança nas transações é um dos maiores pilares do trabalho do Banco Central e das instituições financeiras”, acredita.