Após se deparar com o risco de não conseguir votos suficientes para aprovar a reforma da Previdência, o governo decidiu enxugar a proposta, na tentativa de obter algum avanço na apreciação da matéria junto ao Congresso. Apesar do Executivo defender outras mudanças, o cenário provável é que os parlamentares estejam mais inclinados a aceitar dois pontos do texto: a fixação da idade mínima para a aposentadoria e a equiparação entre contribuintes dos setores privado e público. Solange Srour, especialista do Instituto Millenium e economista-chefe da ARX Investimentos, falou sobre as consequências para o Brasil caso não ocorram alterações no atual sistema previdenciário. Ouça!
A economista explica que a reforma é essencial para colocar as contas públicas em uma trajetória sustentável. De acordo com Srour, a primeira proposta apresentada pelo governo era abrangente e positiva, mas sofreu alterações durante a sua tramitação. Segundo ela, mesmo não tendo um impacto muito grande em curto prazo, a falta de mudanças no atual sistema pode trazer uma grave recessão e crise financeira para o país.
“Em médio e longo prazos, a trajetória da dívida pública não vai se estabilizar e começará a surgir o medo do Brasil não conseguir cumprir com suas obrigações”, explica a especialista, salientando a relação entre a previdência e o aumento de juros e da inflação. “A reforma representa melhora de perspectiva para a política fiscal. Os juros que equilibram a economia serão menores, pois teremos menos déficits fiscais e nem tanta necessidade de adquirir dívidas. Desta forma, o país se endivida menos, sua nota de risco é baixa e, consequentemente, os juros também. Nesse cenário, o crescimento potencial aumenta. Ou seja, acontecem mais investimentos e capacidade produtiva, com menos inflação”, comenta.
Para a economista, se aprovada, a “mini-reforma” vai precisar ficar mais robusta futuramente. “Ela deverá ser complementada, fazendo basicamente o que foi proposto na primeira tentativa e mais alguma coisa, pois o projeto inicial era grande, mas não suficiente para inverter a trajetória dos déficits. O que está sendo discutido agora é menor, mas é melhor do que não fazer nada”, opina. Ouça!
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