A “Geração Z”, compreendida por aqueles nascidos entre 1990 e 2010, é formada por jovens absolutamente ligados em um mundo moldado pela internet. Assim como esta geração, áreas como a economia e a política também experimentam as permanentes transformações globais, marcadas pela disseminação do acesso à rede. É sobre este fenômeno que o CFO da Ingresso Rápido, Diego Barreto, conversa com Instituto Millenium. Ouça o podcast no player abaixo!
No dia 13 de julho, Diego participou do festival Amcham Talks, um evento sobre inovação e modelos disruptivos de negócios, onde falou sobre o poder de mobilização dos jovens através da revolução do acesso às redes ao longo dos anos. Diego lembra que, há 20 anos, viajar ou tentar uma comunicação com o exterior era uma tarefa extremamente complicada. Hoje, além da capacidade de interligar as pessoas dos mais diferentes meios, muitas empresas existem graças à inovação digital, causando impacto direto na economia e sociedade brasileira:
“Pense em empresas como iFood, Nubank, GuiaBolso, Ingresso Rápido, Sympla; empresas que movimentam e servem milhões de pessoas, que criaram segmentos de mercados no Brasil e conseguiram desenvolver uma nova dinâmica. Elas foram criadas por jovens com pouca experiência e capital, e hoje faturam milhões e bilhões de reais. Isso é possível pela revolução do acesso. No passado, a lógica era acessar o topo, fosse ele intelectual, social ou econômico, para então conseguir realizar. Hoje isso não é mais necessário. Qualquer jovem com pouca experiência é capaz de trazer para próximo de si um grande projeto. Essa é a grande inversão que acontece no mundo, tanto do ponto de vista social quanto de negócios”, diz.
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Outro ponto de destaque no desenvolvimento tecnológico, é a grande mudança na percepção de risco frente aos negócios. Para o CFO, três décadas atrás o Brasil vivia bom momento econômico, com uma taxa de desemprego de 15%. Já nos dias atuais, considerados os piores da economia do país, essa taxa corresponde a 13%. A expectativa de empregabilidade do jovem mudou, assim como a chance de empreender. É fundamental que este ecossistema assuma de vez seu papel significativo na economia brasileira, e para isso, o Estado deve trabalhar em conjunto com o empreendedor, reduzindo a burocracia e oferecendo uma segurança jurídica para os investimentos, explica Diego:
“Antigamente, o jovem brasileiro não tinha um acesso que o permitisse se aventurar no empreendedorismo e colocar sua ideia de pé. Hoje existe uma série de entidades que trabalham no mercado como aceleradoras proporcionando uma primeira tentativa aos jovens. A percepção de risco é muito menor. No entanto, o empreendedorismo precisa tomar uma outra proporção que só acontecerá quando o Estado continuar determinadas reformas importantes. Precisamos urgentemente aproveitar esse crescimento que vem com o caixa privado acoplado ao crescimento do governo para que o empreendedorismo possa ser protagonista nessa economia que eu chamo de ‘economia 4.0’. Então, o Brasil deixará de ser um país pautado apenas na economia tradicional”.
Diego chama a atenção dos jovens que estão em busca de oportunidades profissionais inovadoras. Para isso, o país deve passar por uma mudança na gestão pública educacional, no ensino privado, e por fim, na educação familiar em relação a cidadania, a política e o empreendedorismo:
“Existem diversos caminhos para os jovens alcançarem oportunidades, e eu coloco as três principais esferas: a primeira é a revolução na gestão pública, a capacitação do professor público, adequação das grades e ferramentas para o país para que todos os jovens possam ser educados com ferramentas modernas. A outra esfera é a educação privada, que já é munida de uma pedagogia mais moderna, conseguir de fato escalar o Brasil para que seu custo seja reduzido e mais pessoas possam ter acesso. Por último, é a educação familiar. É preciso que as famílias cada vez mais incentivem os riscos, o pensamento sustentável, colaborativo, sobre adversidades e empreendedorismo. Essas três esferas precisam caminhar juntas”.