A falta de integração aos mercados globais colocou o Brasil na 72ª posição entre os 140 países avaliados no Ranking Global de Competitividade, três pontos abaixo em relação à listagem de 2017. No ambiente macroeconômico, o país ocupou a 122ª colocação e levou o 108º lugar na categoria dinamismo empresarial. O pior resultado, no entanto, foi em relação à carga de regulação do setor público, assumindo a última posição. As classificações foram divulgadas nesta semana pelo Fórum Econômico Mundial (FEM) em parceria com a Fundação Dom Cabral.
Para o economista e especialista do Instituto Millenium, Roberto Luis Troster, devido à baixa competitividade brasileira, muitas empresas acabam exportando empregos para outros países. O mesmo acontece com os investidores externos, que escolhem estados vizinhos para expandir seus negócios, prejudicando o crescimento econômico brasileiro. “O produto potencial (PIB) do Brasil é um ponto inferior ao resto do mundo. Ele representa a capacidade de crescimento do país, ou seja, estamos crescendo menos e não melhoramos nossa capacidade”, ressalta. Ouça a entrevista abaixo!
O especialista explica que, apesar dos empresários brasileiros serem muito competentes no ambiente de negócios, estão presos a um quadro institucional ineficiente. A política protecionista do Brasil impede a concorrência internacional e competitividade, criando “empresas dinossauros, que ao primeiro choque acabam quebrando”, diz. Para ele, um dos fatores que atravancam o desenvolvimento do setor comercial é a burocracia:
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“O mundo está se transformando rapidamente e isso obriga as empresas a se adaptarem às mudanças. Na medida em que temos dificuldades para mudar, os outros têm mais vantagens. Há 30 anos, o Brasil tinha 4% do PIB mundial, hoje tem 2,5%. As barreiras para produzir são grandes, fora as contingências. O empresário tem que preencher documentos por meses até abrir uma empresa. Ao invés de todos terem um só número de identificação, temos vários: CPF, RG, PIS, Carteira de Trabalho. Cada banco, Polícia Federal e Justiça Eleitoral faz outro número de identificação. Quer dizer, continuamos com mais e mais regulamentações num mundo que foca em ser eficiente”.
O próximo governo que assumir o país encontrará um cenário desafiador, com uma estabilidade macroeconômica que está entre as mais frágeis do mundo. Na opinião do economista, há boas intenções para a abertura comercial nos programas de governo dos atuais candidatos à Presidência, mas ainda insuficientes:
“Se o Brasil tem ambições de empregar mais, tornar-se o país potência que todos sonhamos, é muito importante que mude rapidamente. Este tem que ser o foco do governo: competitividade. Capacidade e desejo nós temos, agora falta a decisão de fazer acontecer”.