Política deveria ser coisa séria. Mas não é, ou não é mais, se é que algum dia foi. E vale para o mundo inteiro.
Os desmandos não são exclusividade nacional. O que vemos por aí assusta e preocupa porque pode ter consequências terríveis. A história está repleta de situações inusitadas, em que coisas sérias foram tratadas como pouco sérias, com resultados terríveis.
Poucas coisas foram menos sérias do que os governos francês e inglês na década de 1930. Valia tudo. É por isso que olho meio desconfiado quando eles querem falar sobre honestidade e outros temas similares.
Naquela época, poucos países foram tão corruptos e ineficientes quanto as duas grandes democracias europeias. O resultado foi a ascensão do fascismo na Itália e do nazismo na Alemanha.
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Mussolini e Hitler não pareciam sérios. Gritavam, gesticulavam, faziam caretas, desfiles com tochas acesas, paradas, usavam uniformes esquisitos, mas eram sérios. E implantaram duas ditaduras que tiveram enormes consequências imediatamente e na segunda metade do século 20.
Atualmente, a falta de seriedade é prato cheio na Grã-Bretanha, onde o Brexit vai tomando proporções inacreditáveis, que mostram a enorme falta de seriedade com que a saída do país da União Europeia foi tratada.
E os coletes amarelos, tumultuando a França, também mostram como coisas pouco sérias podem ficar sérias e cobrar um preço muito alto.
Maduro é sério? No entanto, a destruição da Venezuela é séria e tem consequências dramáticas para o país e para o continente.
O Brasil tem muito problema sério para ser enfrentado. Não deveríamos ter espaço para coisas pouco sérias, mas são elas que estão tomando proporções sérias e ameaçando o nosso futuro. Nada que não sabemos como é, mas agora a decepção pode ser imensa e muito séria.
Fonte: “Estadão”, 12/03/2019