Em um país com tradição religiosa como o Brasil, promessa é considerada assunto sério. Na política, no entanto, a realidade é um pouco diferente. Descrente dos seus representantes, a população está acostumada a ver políticos eleitos descumprindo em mandato aquilo que tanto prometeram durante a campanha eleitoral. Para estimular a participação cidadã, o Congresso em Foco e a agência FCB Brasil lançaram este ano o site “O Não Pagador de Promessas”, que permite ao internauta fiscalizar a ação de representantes dos cargos executivos. Ouça a entrevista no player abaixo!
Na plataforma, é possível consultar promessas feitas por governadores, ex-governadores, prefeitos e ex-prefeitos de capitais, além de fiscalizar se elas realmente foram postas em prática. A busca também é feita por áreas temáticas, como cultura, educação, esporte, habitação, mobilidade, saúde e segurança. Os brasileiros podem ainda interagir com a ferramenta dando informação sobre o mandato dos representantes e reivindicando o cumprimento de propostas de planos de governo que não foram executadas.
“Política é algo importante demais para ficar só com os políticos”, relata Sylvio Costa, fundador do Congresso em Foco. Com a checagem das promessas, já é possível fazer balanços do mandato dos eleitos no Brasil:
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“O exercício da cidadania não se encerra com o voto”
“De maneira geral, a gente percebe que apenas uma pequena parte do que é prometido é cumprida. Na política brasileira, as campanhas eleitorais são movidas muito mais pelo marketing e o que é preciso ser dito para ganhar aquela disputa, do que por uma análise cuidadosa e real das condições existentes e daquilo que efetivamente pode ser feito com os recursos disponíveis. Em relação aos governadores, por exemplo, os percentuais em geral são bastante baixos. São raros os casos acima de 40% e acredito que ninguém com 50%. O descumprimento das promessas eleitorais é a regra. A exceção é o cumprimento”.
Segundo Sylvio, a iniciativa nasceu da vontade de trazer o cidadão para perto da vida política, estimulando uma participação que ultrapassa as barreiras do voto. “O sistema político se tornou algo muito voltado para si mesmo. Caro, ineficiente, lento, distante das preocupações da população e com uma série de privilégios. No Brasil muito mais, mas mesmo em outros países, há um afastamento, esse descrédito da politica, do legislativo e do sistema de representação. Uma maneira de torná-la mais funcional e eficaz é exatamente fazendo da população parte do processo ativo de fazer política, de acompanhar, de fiscalizar e de se manifestar”, reforça.