O prejuízo de R$ 1,3 bilhão no segundo trimestre de 2012 é o ápice de uma política de intervenção do governo que começou há dez anos e desviou o foco da Petrobras de seu objetivo principal, que é de eficiência e lucratividade.
Esse prejuízo foi o primeiro desde o primeiro trimestre de 1999, quando o país passava por maxidesvalorização cambial, o barril do petróleo estava abaixo de US$ 20 e nem se falava em pré-sal.
Desde o primeiro mandato do governo Lula, a empresa é usada como instrumento de política industrial através da obrigatoriedade de um conteúdo local mínimo, que beneficia a indústria local em detrimento da eficiência da Petrobras. O resultado é aumento de custos, atrasos e queda na produção.
Ao não reajustar os combustíveis de acordo com o preço internacional, o governo sacrifica o lucro da Petrobras com o objetivo de ajudar no controle da inflação e no equilíbrio macroeconômico.
A empresa também é usada como instrumento de negociação política, o que levou a decisões que não têm racionalidade empresarial.
É o caso da refinaria Abreu e Lima, parte de um projeto político do ex-presidente Lula com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, cujo custo de instalação já se multiplicou por dez, de US$ 2,3 bilhões para US$ 20,1 bilhões.
É consenso que um novo salto na produção, que possibilite uma melhora no resultado da empresa, só é esperado a partir de 2014. No curto prazo, é preciso retomar o foco na lucratividade.
As medidas e os programas anunciados pela nova diretoria terão efeitos limitados e a política de preços continua a impor prejuízos à empresa.
No entanto, a mudança definitiva depende da atitude do acionista majoritário, o governo. Um bom começo seria um novo reajuste no preço dos combustíveis, que continua defasado e já compromete o resultado do terceiro trimestre.
O impacto do alinhamento de preços no resultado da empresa seria instantâneo e seria uma ótima sinalização de que a empresa estaria retomando altos padrões de governança.
Fonte: Folha de S.Paulo, 07/08/2012
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