Foi divulgado ontem o resultado do PIB de 2019 e, mais uma vez, ele foi decepcionante. Nesta quinta-feira, o Secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou que o País está passando por “enormes dificuldades” e disse não ser “normal” que uma nação como o Brasil cresça 1% ao ano. “Estou muito preocupado, não durmo tranquilo, não é normal um País como o Brasil crescer 1% ao ano, claramente causa frustração em vários segmentos da sociedade”, disse Mansueto.
Tem razão o Secretário em se preocupar. Além das batalhas nos âmbitos do Congresso e do judiciário pela urgentíssima Reforma da Administrativa, que deverá ser enviada ao Congresso ainda este mês, teremos de travar muitas outras, antes que o país possa trilhar o caminho do crescimento sustentado – e abandonar de vez os voos da galinha, que têm sido a tônica por aqui, pelo menos desde a promulgação da Constituição de 1988.
A começar pela aprovação de uma Reforma tributária que realmente simplifique a vida dos empreendedores, sem aumentar a carga sobre os ombros da população e das empresas; Pela desregulamentação geral da atividade econômica, que reduza os custos indiretos e de transação e promova a concorrência e competitividade entre as empresas; Pela abertura comercial progressiva, que solte as amarras da concorrência internacional e reduza os preços para o consumidor, sem mencionar inúmeras micro-reformas que desemperrem o motor do crescimento. Além, é claro, do prosseguimento das privatizações e concessões, as quais trarão de volta os investimentos externos de que o país tanto precisa.
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O mais importante, porém, pelo menos a meu juízo, será olhar com cuidado para a produtividade do trabalho. O Brasil tem sido, ao longo das últimas décadas, muito menos competitivo e produtivo que muitos outros emergentes, que crescem a um ritmo bem mais forte. E isso não é por acaso.
Estudo da Consultoria McKinsey ilustra bem o mau desempenho da produtividade brasileira na comparação com outros países, no período de 1990 a 2018. Nessas quase três décadas, a produtividade do trabalho cresceu apenas 1,3% ao ano no Brasil, bem abaixo dos 3% do Chile, dos 5% da Índia e dos 8,8% da China.
Aumentar o ritmo de expansão da produtividade, como se vê, será essencial para o país conseguir crescer a um ritmo mais expressivo. Isso é ainda mais importante dada a atual demografia do país, já que o bônus demográfico no Brasil já está encerrado.
Acelerar a expansão do PIB dependerá fundamentalmente de o Brasil tornar a economia mais produtiva. Um dos principais caminhos para isso é o país aumentar o investimento em capital e tecnologia. A atração de investimentos está essencialmente ligada à melhora do ambiente de negócios e a segurança jurídica, para que o setor privado fique mais confiante para apostar em projetos de modernização e expansão da capacidade produtiva.
Segundo números do FMI, a Coreia do Sul investe o equivalente a 30% do PIB. Em 2018, a taxa de investimento do Brasil foi de apenas 15,8% do PIB. E não poderia ser diferente, em vista da elevadíssima carga tributária em relação à renda do país, que prejudica enormemente a geração de poupança. A continuar assim, seremos eternamente dependentes da poupança externa para usufruir de algum crescimento mais robusto.
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Porém, não se pode falar de aumento da produtividade sem mencionar a melhora da educação. O mau desempenho dos alunos brasileiros em testes como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) é um sinal negativo para a trajetória futura da produtividade do país. Para se ter uma ideia, os resultados obtidos por estudantes de outros países emergentes, como a China e o Vietnã, são muito melhores que os Brasil. Tirar a ideologia das salas de aula, principalmente nas escolas públicas, é o primeiro passo para isso.
Como se vê, não é pouca coisa a fazer, antes que o país esteja apto a crescer de forma firme e sustentada, sem contar com gastos públicos alucinantes, irresponsáveis e financiados por aumento exponencial da dívida, como nos tempos do PT.
Será que este governo e este congresso terão o discernimento e a grandeza para operar tudo isso? Só o tempo nos dará essa resposta. Mas ela será negativa, com toda certeza, se não deixarem a vaidade, as picuinhas políticas, o populismo e a demagogia barata de lado. Parafraseando Churchill, é preciso que todos: executivo, legislativo e judiciário tenham a grandeza de pensar no futuro, nas próximas gerações e não apenas nas próximas eleições.