Entre os inúmeros aspectos preocupantes no sistema educacional brasileiro estão as altas taxas de reprovação e abandono escolar. Se fizermos uma conta simples, somando o número de alunos que repetiram de ano (cerca de 3,2 milhões em 2015) com os que abandonaram os ensinos fundamental e médio (1,1 milhão) e, em seguida, cruzarmos com o valor do investimento público por aluno (cerca de R$ 6 mil/ano), veremos que o custo dessa ineficiência é alto para o país. O Brasil chega a perder, a cada ano, algo em torno de R$ 25,6 bilhões! E isso sem falar no custo indireto, decorrente do atraso no ingresso desse aluno no mundo do trabalho.
Custo da reprovação e abandono escolar
Somado a esse quadro desalentador, não podemos também nos esquecer dos baixos níveis de aprendizagem escolar entre os que concluem as etapas, especialmente nos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio. Apenas 29% dos alunos aprenderam o que seria esperado em língua portuguesa e 16%, em matemática, considerando os anos finais do ensino fundamental. No ensino médio, o diagnóstico é ainda pior: 27% aprenderam o adequado em língua portuguesa e apenas 9% em matemática!
Por isso, não há mais tempo de esperarmos um milagre para a nossa educação. Felizmente, há solução. Duas experiências importantes de escolas com educação em tempo integral para o ensino médio, em Pernambuco e no Rio de Janeiro, parecem apontar como caminhos, com redução da evasão e ganho na aprendizagem em ambos os casos. Não foi à toa que, de maneira acertada, o Ministro da Educação Mendonça Filho lançou proposta similar para todos os estados brasileiros.
É também preciso reconhecer que o problema não começa exatamente no ensino médio, como muitos costumam acreditar. É ainda nos anos finais do ensino fundamental que o quadro da evasão e da baixa aprendizagem começa a se agravar. Em primeiro lugar, eu diria que é por conta da própria mudança da sala de aula, que passa a contar com um docente por disciplina, e não mais um professor por turma, como é o modelo dos anos iniciais.
Outro agravante é que, nesta etapa, a oferta do ensino é feita tanto pela esfera municipal como estadual, ao contrário do ensino médio, que é de responsabilidade direta dos estados. Isso requer a construção de um regime de colaboração entre as duas partes, não só para reduzir gastos por sobreposições, mas também para se oferecer um ensino com equidade.
Fonte: “Isto é”, 11 de janeiro de 2017.
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