O que está em risco não é a cidade sustentável, mas, a liberdade e a própria democracia
“Das grandes cidades, células e centros do mundo, vêm a paz e a guerra, a riqueza ou a miséria, a glória, o triunfo do espírito e da beleza. A grande cidade reflete a potência do homem…” (Le Corbusier)
Infelizmente, o poder executivo municipal de Porto Alegre parece não compreender a sabedoria e a expressão da verdade que consta do pensamento acima, do arquiteto e urbanista francês, Le Corbusier, pseudônimo utilizado por Charles-Edouard Jeanneret-Gris, um dos maiores arquitetos do século XX.
A consulta popular realizada para fins de definir se a área do Pontal do Estaleiro poderia acolher, além de prédios comerciais, também prédios residenciais, inscreveu a capital gaúcha como a cidade do Não. Não ao desenvolvimento. Não ao futuro.
Mas afinal, que cidade queremos e podemos construir, quando tanto o poder executivo, quanto o poder legislativo, verdadeiramente lavam as mãos das suas incompetências (ou será do medo do “futuro político”?) e decidem não decidir, ou seja: “Que se faça uma consulta popular”, vaticinou a “intelligentsia” burocrática, para decidir se o pontal do estaleiro poderá acolher tão somente, prédios comerciais, como já previsto em lei, ou se poderá também, ter prédios residenciais. “Eis a oportunidade de se aprimorar o instrumento da democracia participativa”, disse o mesmo burocrata de plantão, daqueles políticos tradicionais, hoje, prefeito, vice ou Secretário “Extraordinário”, preocupados tão somente com o amanhã político: ”Espelho, espelho meu, se hoje sou prefeito, ou sou vice, o que serei amanhã, governador, Prefeito, ou quem sabe, Presidente da República?”
Porto Alegre, a cidade do Não. Por exemplo, a questão cais do porto, o que vemos? Muitos projetos. E o resultado: Não! E a revitalização do 4º distrito: vários, diversos projetos. Resultado efetivo: Não! E o aeromóvel? Na Indonésia, Sim. Em Porto Alegre, Não! E as indústrias? Na RMPA, tudo bem. Todavia, em Porto Alegre, Não!
Sobretudo, vale registrar, Porto Alegre, também diz Não! ao planejamento, pois é uma cidade sem pensamento estratégico, sem planejamento estratégico e muito menos, execuções estratégicas. Porto Alegre, uma cidade sem futuro.
Mas afinal, qual é o pano de fundo da questão do pontal do estaleiro? É a preocupação com o ambiente, com o desenvolvimento sustentável? Pura balela. Aliás, neste aspecto vale dizer que os defensores do Não, chegam a argumentar que votar pelo Sim seria votar a favor do aquecimento global. Ora, todos aqueles que são providos de bom senso e lucidez sabem que a questão do aquecimento global tem mais a ver com ciências sociais do que naturais e, principalmente, muito mais a ver com o homem e a sua liberdade de escolha do que com a variação de décimos de um grau Celsius na temperatura média global.
O resultado da consulta popular deve, sobretudo, deixar-nos extremamente preocupados: Apenas 18.212 pessoas decidiram pelo Não, contingente este, talvez pouco superior ao necessário para eleger-se tão somente, um único Vereador. Porto Alegre tem uma população de 1,4 milhão de habitantes e perto de um milhão de eleitores. Obviamente, disso se constata que a maioria esmagadora da população portoalegrense não se apropriou desse falso debate. É a ditadura da minoria. Imaginem se esta moda pega. Em breve, teremos uma consulta popular para decidir se o senhor prefeito deve usar açúcar ou adoçante no seu café. Sim, porque o atual prefeito não é afeito a tomar decisões. Ora, convenhamos, as pessoas racionais e defensoras da liberdade devem se pronunciar. Estamos ultrapassando a fronteira entre a democracia representativa e a democracia participativa de uma forma absolutamente nefasta e danosa para o próprio aprimoramento do regime democrático. Os ditames (ou será a ditadura?) daquilo que é considerado “politicamente correto” são extremamente rígidos e uma consulta efetivada junto a pouco mais de 2% do universo de eleitores da cidade, produz uma espécie de autorização plebiscitária falaciosa, que não pela primeira vez na história, nos é imposta, ao que parece, irremediavelmente. Hare baba!
Mormente, repetida tal forma de consulta para outros temas “polêmicos” no tocante à ocupação da orla do guaíba e outras regiões adensáveis ou não de Porto Alegre, conduzida ao extremo essa tendência, que cenário teríamos? Ora, os “ricos” se protegeriam em condomínios fechados afastados (ou seriam “guetos” de luxo?) e aos pobres, sobrariam como de regra, as áreas degradadas (os “guetos” miseráveis), igualmente “fechadas ao público”. Sendo assim, diante de tal condição, a regra de convívio “humano (?)” seria: Cada um cuida de si e Deus por todos, uma vez que o poder público municipal, quer seja na esfera executiva, quer seja, na esfera legislativa, tem se mostrado absolutamente incompetente e incapaz de prover políticas públicas eficientes e eficazes que almejem o desenvolvimento sócio-econômico sustentável da cidade e dos cidadãos.
O escritor Michael Crichton declarou de forma clara: “O maior desafio que enfrenta a humanidade é distinguir a realidade da fantasia, a verdade da propaganda”. Neste sentido, reside justamente na postura arrogante e ambiciosa dos ditos ambientalistas, a maior ameaça à liberdade de escolha, à democracia, à economia de mercado, à prosperidade econômica e ao desenvolvimento humano. A ideologia ambientalista pretende substituir o comportamento evolutivo natural, livre e espontâneo da humanidade por algum tipo de planejamento central, agora, em escala global.
Os ditos ambientalistas rogam por ações políticas imediatas porque eles não acreditam no impacto positivo do crescimento econômico de longo prazo. Ignoram o poder capitalista da “destruição criativa” das inovações, do progresso tecnológico, Sendo assim, não crêem que as gerações vindouras indubitavelmente somente irão usufruir no futuro de maior qualidade de vida ambiental no planeta terra, se houver estímulo à maior produção de riquezas. Parece um paradoxo, ma não é.
Sobretudo, foi graças a avanços tecnológicos, aos ganhos de produtividade, ao crescimento da riqueza disponível, a racionalidade das instituições e a capacidade dos países se organizarem, que as condições de adaptabilidade da sociedade humana cresceram de forma eloqüente. E esta capacidade de adaptação do ser humano, racional e instintivamente vai continuar crescendo e buscando soluções para as alterações de ordem climática, política, social e econômica que a evolução da espécie humana venha a enfrentar ao longo da sua história.
Neste aspecto, cumpre destacar uma frase do professor Richard Lindzen, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, “As gerações futuras vão se admirar com a estupidez desconcertante de que o mundo desenvolvido do início do século XXI entrou em um pânico histérico a respeito de um aumento de temperatura global médio de alguns poucos décimos de grau, e, com base em exageros grosseiros de projeções feitas por computador de forma altamente duvidosa, combinado a uma implausível cadeia de inferências, passou a contemplar a possibilidade de reverter a era industrial”.
Em suma: pequenas mudanças climáticas não demandam medidas restritivas abrangentes. Disso depreende-se que toda e qualquer supressão das liberdades individuais e das verdadeiras conquistas da democracia deve ser evitada. Não deixemos, como no caso da referida consulta, que uma minoria barulhenta se sobrepuja a uma maioria silenciosa.
Sejamos, portanto, lúcidos, sensatos e humildes, porém confiantes na evolução natural e espontânea da sociedade humana. Acreditemos sim, na sua racionalidade, na sua capacidade de fazer escolhas producentes, feitas à luz da lógica e não da escuridão da cegueira ideológica.
Por fim, voltando ao nosso enfoque inicial, vale dizer que ainda é tempo da Administração Fogaça realizar uma profunda reflexão sobre as reais necessidades e desejos dos porto-alegrenses, utilizando-se para isto, deste importante e producente instrumento de planejamento urbano, chamado Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental – PDDUA, para construir a Porto Alegre que queremos e podemos ter. Uma cidade simpática, acolhedora, evoluída, desenvolvida e, sobretudo, que proporcione condições para que seus cidadãos prosperem economicamente e desenvolvam-se, humanamente.
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O não vencedor é proporcional a feiúra de seus militantes e da situação atual do local em questão…
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Pena que o ilustre autor só tenha escrito estas asneiras após o plebiscito, convicto que estava da vitória do SIM.
Perdeu a oportunidade de ficar calado ou de ter sido honesto consigo mesmo, caso tivesse escrito estas balelas antes do resultado final.
É sempre assim, se as decisões populares lhes beneficiam, não há nada mais democrático. Caso contrário, é lixo burrice comunistas.