Se existe uma área onde é nítida a evolução do governo da presidente Dilma Rousseff em relação ao do seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, esta é a gestão da política externa.
A começar pelo titular da pasta, Antônio Patriota, tudo na esfera do Itamarati parece ter sofrido uma mudança positiva nesses meses iniciais de mandato.
Totalmente profissional e sem o menor traço de decisões tomadas ao sabor de ranços ideológicos, o atual Ministério das Relações Exteriores parece talhado sob medida para um país que almeja lugar entre os grandes do mundo.
Se já não houvesse demonstrações anteriores em quantidade suficiente para embasar essa visão (sobretudo no que diz respeito aos direitos humanos), a postura da presidente da República durante a visita do presidente americano Barack Obama ao Brasil já seria bastante para mostrar que, em matéria de diplomacia, felizmente, os ventos que sopram hoje na Esplanada dos Ministérios inspiram mais otimismo do que os de antigamente.
A maneira com que Dilma se referiu às barreiras que os Estados Unidos impõem ao etanol e a outros produtos brasileiros demonstra mais do que uma crítica – ou uma queixa – às velhas práticas protecionistas americanas.
Ela revelou a maturidade de um agente econômico que, ciente de sua importância no cenário global, trata o parceiro de igual para igual, diz o que pensa e senta-se para discutir o que deve e o que não deve ser feito para aplainar as divergências.
Só por essa razão, a visita do presidente americano ao Brasil acabou ganhando uma importância que vai muito além dos salamaleques habituais da diplomacia. Não se trata apenas do descongelamento das relações entre os dois países, depois dos oito anos em que o mais tradicional de seus parceiros comerciais foi deixado em segundo plano pelo Brasil.
Trata-se, sim, da inauguração de um novo padrão de diálogo, ao qual o Brasil não chega nem em inferioridade nem demonstrando soberba. Chega, isso sim, com autoridade para fazer valer suas posições. Já não era sem tempo.
Fonte: Brasil Econômico, 21/03/2011
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