Paira sobre o planeta uma onda de retrocesso que ameaça diluir os avanços alcançados pela humanidade, ao longo de vários anos, nas áreas social, econômica e política.
Esse fenômeno acentuou-se desde 2017 quando em diversos países começaram a ascender ao poder figuras pertencentes a um tipo caricato de direita. Contrastando com a tradicional direita conservadora, liberal e democrática, chefes de Estado ou de governo como Donald Trump, Jair Bolsonaro, Giuseppe Conte, Recep Erdogan e alguns dos eleitos na Europa Oriental comportam-se de maneira incompatível com as anseios por uma sociedade moderna.
Evidentemente, cenários lamentáveis também ocorrem em países sob o comando socialista, ou pseudo socialista, tais como Venezuela, Cuba, Nicarágua, Coreia do Norte e China. Porém, o alvo deste artigo é o contexto em vigor no Brasil e nos Estados Unidos, gerado pela recente chegada ao poder executivo de uma direita estouvada.
Os presidentes brasileiro e americano exibem semelhanças tais como: a) agem movidos principalmente por instintos e preconceitos pessoais; b) ofendem seus opositores ao invés de polemizarem mediante argumentos conceituais; c) são intolerantes com quem não se alinha integralmente às suas convicções; d) disparam declarações precipitadas e inconvenientes; e) mostram-se insensíveis à crescente iniquidade social registrada em seus países; f) demonstram displicência ante a deterioração ambiental; g) abordam de maneira insatisfatória a questão dos direitos humanos; h) possuem visão estreita sobre segurança pública; i) depreciam o significado de tratados e organismos internacionais de qualquer natureza.
No caso do Brasil, é decepcionante o fato de que, após os deploráveis anos de Lula/Dilma no Palácio do Planalto, não tenhamos encontrado alternativas de lideranças eficazes e reconfortantes. A repetição de presidências mal focadas, verificada de 2002 até hoje, vem danificando o futuro do país, desnorteando a formulação de políticas recuperadoras do nosso desenvolvimento econômico e social. O clima de rispidez e intriga reinante na corte presidencial desestimula a colaboração de inúmeros competentes brasileiros. E, para piorar, nem mesmo na trincheira da oposição percebe-se alguma atividade coordenada e frutífera.
Nos Estados Unidos, os problemas essenciais não estão sendo enfrentados pelo o atual ocupante da Casa Branca, gerando uma perspectiva desfavorável ao desempenho econômico e social americano. A única forma de reverter esse quadro consiste na vitória do Partido Democrata nas eleições de 2020, de preferência se seu candidato integrar a ala reformista do partido. Aspirantes como Elizabeth Warren e Bernie Sanders dispõem de maior ímpeto para impulsar mudanças necessárias à prosperidade do país.