O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, disse nesta quinta-feira que o setor de saneamento básico será uma bandeira para o banco. Ao participar de um live do Banco BTG Pactual, Montezano elogiou a aprovação do marco legal do saneamento no Congresso, o que definiu como passo histórico, e voltou a dizer que não faltará dinheiro para financiar investimentos em obras de água e esgoto.
Mas destacou que a segurança jurídica introduzida pela aprovação do marco e a queda das taxas de juros tornam os projetos de saneamento ainda mais atrativos para a iniciativa privada.
– A gente reafirma que não faltarão reais para o setor. Acreditamos que o mercado de crédito privado virá junto porque é um setor extremamente atrativo mas, se houver algum tropeços, o BNDES estará aí com financiamento de longo prazo. O saneamento será uma bandeira para o BNDES – afirmou.
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O executivo ponderou que as mudanças no setor não começarão imediatamente após a sanção do marco regulatório e destacou que os estados e municípios terão liberdade para decidir se querem privatizar os serviços, conceder ou manter a atividade com o setor público, desde que cumpram as metas de universalização dos serviços.
— Mês que vem não vai chegar água encanada na casa de mais de 100 milhões de pessoas. Temos dois anos de projetos e estudos e ainda o período de obras. O BNDES terá um papel-chave como prestador de serviços, ajudando os estados na modelagem dos seus projetos, e, naturalmente, como banco financiador.
Momento histórico
A aprovação do marco legal também foi considerada um momento histórico para empresas privadas que atuam no mercado brasileiro. Os principais grupos do país estão otimistas e apostam na expansão dos investimentos nacionais e estrangeiros.
Entre os ingredientes que tornarão o mercado mais atrativo, eles corroboram as palavras de Montezano e destacam a segurança jurídica, a maior transparência nos balanços das concessionárias, o equilíbrio entre as capacidades financeira e técnica e o aumento da concorrência.
— É claro que os investimentos estrangeiros virão. Os investidores encontrarão um marco regulatório. Não ficavam aqui porque não havia segurança jurídica — disse Carlos Henrique da Cruz Lima presidente do grupo Águas do Brasil, que tem concessionárias espalhadas por 14 cidades do Rio, além de São Paulo e Minas Gerais.
O novo marco legal também prevê o cumprimento de metas de universalização pelas empresas do setor, com previsão de investimentos em torno de R$ 50 bilhões por ano no período. O objetivo é o atendimento de 99% da população com água potável e 90% dos brasileiros com coleta e tratamento de esgoto até 2033.
Segundo Lima, o mercado brasileiro de saneamento tem uma receita global de R$ 60 bilhões por ano e passará a R$ 110 bilhões com a universalização dos serviços. Isso daria uma média de R$ 10 bilhões por ano.
— Além disso, o setor de saneamento se mostrou inelástico na pandemia, ao contrário de aeroportos e rodovias, por exemplo. O consumo residencial aumentou 10%, porque as pessoas estão mais em casa, o que compensou a queda no comércio – completou.
A BRK Ambiental, maior empresa privada de saneamento básico do país, reforçou seu compromisso em investir na universalização em torno de R$ 20 bilhões ao longo da vigência de seus contratos atuais. A CEO da empresa, Teresa Vernaglia, disse que quarta-feira foi um “dia histórico “. A BRK atende a 15 milhões de pessoas em 12 estados brasileiros.
— O saneamento será a grande a locomotiva da recuperação da economia brasileira nos próximos anos. Não há outro setor capaz de promover tantos benefícios diretos e indiretos como este. Saneamento é saúde, educação, geração de renda e preservação ambiental — afirmou a executiva.
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A Iguá Saneamento, terceira maior empresa privada do setor, que atende a mais de 6 milhões de usuários em 37 municípios, espera novas oportunidades de negócios e segurança jurídica. Para o O CEO da empresa, Gustavo Guimarães, ainda é prematuro dizer como a Iguá vai se comportar com o novo marco, mas as perspectivas são as melhores possíveis.
— O saneamento é a bola da vez, a principal plataforma para os investidores internacionais. Há muita liquidez no mundo. Não tenho dúvida de que a gente conseguiu sair do gerúndio e colocamos um ponto final em um tema que era crítico e que agora tem a chance de fazer uma grande transformação – disse Guimarães.
Um dos maiores operadores de infraestrutura da América Latina, com negócios em rodovias, mobilidade urbana e aeroportos, o Grupo CCR informou, em nota, que está sempre atento a oportunidades nos mercados brasileiro e internacional. A companhia esclareceu que vai avaliar no futuro eventuais projetos no setor.
Especialista em gestão de saneamento, a Aegea informou, também em nota, que acredita e defende que o novo marco regulatório vai aprimorar e modernizar o setor. Enfatizou que também trará segurança jurídica necessária para atrair mais investimentos e acelerar a universalização da cobertura dos serviços.
Fonte: “O Globo”